As medicações intracanais são utilizadas no intuito de reduzir as bactérias remanescentes, e acelerar o processo de cicatrização. Dentre essas, destaca-se o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) por apresentar ação antimicrobiana, anti-inflamatória e reparadora. Diferentes substâncias são empregadas como veículo para o Ca(OH)2, as quais podem melhorar ou modificar suas propriedades. Dentre os novos veículos estudados, destaca-se, o fitoterápico Aloe vera. Dessa forma, o objetivo do estudo é avaliar, através de um ensaio clínico randomizado, a efetividade de uma pasta medicamentosa intracanal à base de Ca(OH)2 e Aloe vera em dentes com lesão periapical visível radiograficamente. O projeto foi aprovado pelo CEP (Parecer: 1.835.996) e submetido ao Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), com o protocolo (REQ:4405). Sessenta e quatro pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com a medicação intracanal a ser utilizada: controle, Ca(OH)2 e soro fisiológico e experimental, Ca(OH)2 e Aloe vera. O tratamento endodôntico foi realizado pelo mesmo operador, seguindo o protocolo de abertura coronária, instrumentação endodôntica com o sistema Easy e desbridamentoforaminal. A medicação intracanal foi preparada de acordo com o grupo pertencente, e inserida nos condutos . Após 15 dias, os pacientes retornaram e os dentes foram obturados e restaurados. Cada participante avaliou, seguido uma escala analógica de dor, a sintomatologia pós-operatória nos períodos de 4, 24 e 48 horas após conclusão do tratamento. Foi realizado proservação clínica e radiográfica nos períodos de três, seis e nove meses após o término do tratamento. Os casos que apresentaram insucesso clínico foram considerados como dentes que não obtiveram cicatrização de lesão periapical. Os tratamentos foram classificados em cicatrização completa, incompleta, e sem cicatrização. Visto que a Associação Americana de Endodontia preconiza a avaliação da lesão radiográfica por até cinco anos, dentro do tempo estudado (nove meses) foi considerado sucesso os tratamentos que obtiveram cicatrização parcial ou total. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do software SPSS 20.0, versão para Windows. A normalidade das variáveis foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. Por não apresentarem comportamento normal ou simétrico, os dados foram submetidos ao teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Para avaliação da dor em um mesmo grupo nos diferentes tempos utilizou-se o teste não-paramétrico de Friedmann. Para comparação da variável qualitativa sucesso do tratamento endodôntico, utilizou-se o teste qui-quadrado. Considerou-se p< 0,05. Ao final do estudo, foram proservados 48 dentes. Os valores da dor pós-operatória nos tempos 04 e 24 horas para o grupo Aloe vera foram menores com diferença estatisticamente significativa (p<0,001). No tempo de 48, não houve diferença estatística entre os grupos (p=0,307). Após avaliação clínica e radiográfica, as taxas de sucesso, dentro do período de nove meses, foram de 95,8% para o grupo experimental e 83,3% para o grupo controle, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,348). Os resultados demonstraram que a pasta de Aloe vera e Ca(OH)2 apresentou efetividade como medicação intracanal na remissão da dor pós-operatória, sem alterações clínicas e radiográficas significativas. Assim, acredita-se que o Aloe vera pode ser um veículo alternativo para o hidróxido de cálcio como medicação intracanal.