A reprodução é vista como um dos principais pilares da cadeia produtiva da carne bovina, pois ela é responsável pela produção do bezerro, considerado a matéria prima dessa indústria. Entretanto, ainda persistem inúmeros pontos de estrangulamento no processo reprodutivo dos bovinos, que podem ser amenizados com a utilização das biotécnicas reprodutivas dentre estas a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e a produção in vitro de embriões (PIV). Os protocolos de indução e sincronização da ovulação baseiam-se no conhecimento dos hormônios, parácrinos e autócrinos que interagem na função ovariana e dentre esses o Sistema Renina Angiotensina (SRA) ovariano. O enalapril, após administração por via oral, é rapidamente absorvido e, então, hidrolisado no fígado a enalaprilato, que é um inibidor específico da ECA, de longa ação, com meia vida efetiva de 11 horas. Pesquisas realizadas pelo nosso grupo, com caprinos, têm demostrado que a adição do enalapril a protocolo IATF, aumentou as taxas de prenhez, parição e gemelaridade. Na forma de óvulos vaginais, o enalapril aumentou a percentagem de inseminações intrauterinas por facilitar o relaxamento cervical. Diante desses resultados, o objetivo do trabalho foi estudar alternativas complexação do enalapril com outras substâncias, visando sua aplicabilidade prática nos protocolos de biotecnologia da reprodução em animais, além de verificar os efeitos do enalaprilato na maturação oocitária, fertilização e cultivo de embriões in vitro. Os resultados para o experimento de avaliação da dosagem de enalapril para bovinos administrado por via intravaginal utilizando as concentrações 0,4 mg/kg, 0,6 mg/kg e 0,8 mg/kg não apresentaram diferença significativa (p>0,05) na avaliação da variável pressão arterial média, assim como não houve alteração nos níveis de ureia, creatinina, TGO, TGP e aldosterona. Em relação a utilização do enalaprilato nas concentrações 1 µM, 2 µM e 4 µM em todas as fases da produção in vitro de embriões os resultados demostram que não houve diferença significativa (p>0,05) entre os tratamentos para a taxa de clivagem e para a taxa de blastocisto. Para os tratamentos com A-779 a 2 µM Enalaprilato a 2 µM e Enalaprilato a 2 µM + A-779 a 2 µM não apresentaram diferença significativa (p>0,05) na taxa de clivagem e para a taxa de blastocisto. Com relação à qualidade avaliada por meio das massas celulares interna (MCI), total de células do trofoblasto (TE) e a proporção entre elas, verificou-se em relação ao número de células do trofoblasto (TE) e TC que os tratamentos com A-779, enalaprilato e associação entre eles apresentaram maior número de células em relação ao controle. Quando foi analisada a proporção entre MCI e TC observou-se que 100% dos embriões do tratamento Enal+A779, 65% dos ratados com Enal , 50% do tratados com A-779 e apenas 33,3% do grupo controle estavam dentro da faixa de 20 a 40% de células da MCI, considerada de melhor qualidade. Conclui-se que o enalaprilato não influenciou na produção de embriões bovinos in vitro, quando avaliados pelas técnicas convencianais, porém quando se avalia pelo número de células embrionárias e a proporção entre elas, os tratamentos com o enalaprilato, A-779 e enalaprilato associado com A-779 apresentaram efeito proliferativo para as células embrionárias, em especial para a massa celular interna, e efeito positivo para a qualidade embrionária avaliada pela proporção de células.