A lesão de isquemia/reperfusão renal (IRR) é causada por um comprometimento súbito e temporário do fluxo sanguíneo para o órgão. O mecanismo da LRI é bastante complexo e envolve a produção de espécies reativas de oxigénio (ROS), inflamação, apoptose e necrose. Terapias alternativas, como o uso de células-tronco tem recebido atenção devido ao seu efeito renoprotetor. Contudo, o uso de células-tronco necessita de validações para aplicação clínica, tendo em vista a necessidade da manutenção rigorosa da sua estabilidade genômica que pode comprometer a eficácia da terapia celular. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial regenerativo de células progenitoras renais do córtex renal (CPRCR) e células-tronco mesenquimais da medula óssea (CTMMO) de suínos in situ e in vitro avaliando a proliferação celular, apoptose e angiogênese, bem como a genotoxidade e seu efeito no estresse oxidativo da IRR em suínos. Para análise in situ do tratamento com células, foram utilizados 15 suínos machos, sadios, com idade entre 60 a 70 dias, divididos em três grupos de cinco animais (GC – Controle, GE1- tratamento utilizando CTMMO e GE2 - tratamento com CPRCR). Os animais foram submetidos à indução cirúrgica de isquemia total bilateral durante uma hora, com posterior reperfusão sanguínea. Foram coletados fragmentos de tecido renal mediante biopsias seriadas no 4º e 8º dia após a indução de IRR para avaliação da proliferação celular, apoptose e angiogênese pela técnica de imuno-histoquímica, o dano de DNA pelo teste cometa e o estresse oxidativo por mensuração dos níveis de peroxidação lipídica e atividade de enzimas antioxidantes. Os dados obtidos foram avaliados por meio da Análise de Variância (ANOVA) seguida do teste de Tuckey e Neuman-Keuls, realizado entre os grupos experimentais GE1 e GE2, comparando ainda, com o GC. Verificou-se que, os animais do GC, GE1 e GE2 apresentaram marcação no mesmo para proliferação celular nos túbulos renais, diferindo, apenas em relação às células glomerulares no dia 4 e intersticiais (p<0,05), no GE1. Já, quanto à mensuração de células apoptóticas o GC obteve maiores níveis que o GE1 e o GE2, exceto no dia 8 do GE1. A expressão da angiogênese não demonstrou diferença estatística significativa entre os grupos, no interstício e túbulos renais, no entanto, nos glomérulos e nos vasos peritubulares, a expressão do marcador, prevaleceu no GE2. Na análise do estresse oxidativo, o G1 se destacou, com altos níveis de ácido tiobarbitúrico (TBARS) e nitrito com baixa atividade das enzimas antioxidantes (glutadiona reduzida -GSH e catalase) (p<0,05). Quanto ao dano de DNA foi observado que da mesma forma, os animais do GE1 apresentaram maior frequência e índice de danos, quando comparados aos do GC negativo e GE2, observando-se ainda que houve uma redução dos danos, durante os dias no GE2. Conclui-se com base nos achados in situ do rim, que os animais tratados com as CTMMO e CPRCR apresentaram melhores resultados na angiogênese, proliferação e apoptose celular, quando comparados ao grupo não tratado. Entretanto, em relação ao estresse oxidativo e a genotoxicidade, o tratamento com células progenitoras renais, demonstrou-se mais eficaz.