O exame ultrassonográfico modo-B vem sendo utilizado na avaliação qualitativa e quantitativa de lesões intraoculares e orbitais, indicando o local, a magnitude e a severidade da lesão, e, associado ao modo Doppler, fornece dados sobre fluxo vascular anatômico e dinâmico, permitindo avaliações sobre a resistência vascular periférica. A Leishmaniose Visceral Canina é uma zoonose de grande importância, que tem o cão como principal reservatório no ciclo urbano de transmissão. Essa patologia leva a inúmeras alterações no funcionamento do sistema orgânico desses animais, e, pesquisas recentes revelaram a ocorrência de inúmeras oftalmopatias associadas aos sinais clínicos clássicos da doença. Este trabalho teve como objetivo caracterizar por meio do exame ultrassonográfico em modo-B e Doppler a anatomia, biometria e índices hemodinâmicos de cães normais e portadores de Leishmaniose Visceral Canina. Foram avaliados 140 bulbos oculares de cães portadores de Leishmaniose Visceral Canina e 60 bulbos oculares de cães hígidos para posteriores correlações. No exame ultrassonográfico em modo-B foram avaliados os componentes do bulbo ocular (córnea, câmara anterior, lente, íris, corpo ciliar, retina, coroide, esclera, câmara vítrea, humor aquoso e vítreo) quanto à ecogenicidade, ecotextura, topografia, e realizada biometria dos segmentos. Para o exame modo Doppler foi identificado e aferido o fluxo da artéria oftálmica e mensurados as velocidades e índices de fluxo sanguíneo (resistividade e pulsatilidade). As avaliações ultrassonográficas em modo-B e Doppler permitiram descrever as principais alterações oftálmicas nos animais portadores de Leishmaniose Visceral canina, e identificar as alterações hemodinâmicas presentes, podendo desta forma sugerir valores para pesquisas iniciais a serem utilizados nesta espécie, e, desta forma, agregar informações valiosas na rotina clínica oftálmica de pequenos animais.