Disponibilidade e qualidade da dieta de ovinos em pastagem nativa de Caatinga no Piauí
forragem, ovelhas, proteina bruta, variação de peso,
O objetivo neste trabalho foi identificar e avaliar a qualidade de plantas forrageiras que compõem a dieta de ovinos e, a variação de peso de ovelhas adultas, no período chuvoso em área de Caatinga do Piauí. O estudo foi conduzido entre janeiro e maio de 2016, no assentamento Lisboa, localizado no município de São João do Piauí, região semiárida do estado. Nesse local foram identificados criadores de ovinos, com um rebanho estimado em 760 cabeças. A identificação das espécies forrageiras consumidas pelos ovinos ocorreu em levantamento etnobotânico realizado mediante entrevistas com aplicação de formulários semiestruturados e turnê guiada nos meses de outubro e novembro de 2015 adotando as figuras de informantes e informantes-chave. Depois de elaborada a lista de espécies forrageiras foi realizada coleta de material botânico para preparação de exsicatas. Para avaliar a disponilidade e a composição química das forrageiras foram separadas duas áreas no assentamento, considerando que os ovinos permanecem na caatinga apenas no período chuvoso e a sua preferência por áreas aberta. Cada área correspondeu a um sítio de pastejo: sítio 1 com predominância de espécies herbáceas e o sítio 2 com predominância de espécies arbustivas. Em cada sítio foram marcados, três transectos paralelos com 190 m de comprimento, distantes entre si em 20 m. Em cada transecto, foram delimitadas dez unidades experimentais, cada uma com área de 100 m2, sendo amostradas, dessa forma, 30 unidades, totalizando uma área amostral de 6.000 m2. Foram coletadas amostras das forrageiras em janeiro, fevereiro, março e abril, meses correspondentes ao período chuvoso. Foram selecionadas 18 fêmeas ovinas, animais pertencentes a um agricultor do assentamento, identificadas e avaliadas quanto ao escore corporal e variação de peso a cada 15 dias. De acordo com os informantes foi elaborada lista com 41 espécies forrageiras distribuídas em 34 gêneros, agrupadas em 14 famílias. O realizado nos dois sitios de pastejo identificou oito espécies citadas pelos informantes. No estrato herbáceo sete famílias foram identificadas, com a maioria das espécies pertencentes a família Malvaceae, quanto as espécies arbustivas a Senna rizzini H. S., (besouro) e o Croton sonderianus Müll. Arg (marmeleiro) foram as predominantes. A massa de forragem no estrato herbáceo ficou abaixo de 30 kg/ha em todos os meses avaliados, e no estrato arbustivo, a massa de forragem do besouro e marmeleiro variaram entre 20 e 100 kg/ha por mês. Os teores de proteína bruta das forrageiras foram elevados e sem variações dentre os meses de coleta, variando de 14 a 22%. Esses resultados estão associados à idade das plantas durante o período, apresentando-se tenras e com baixo teor de fibra. Os teores de NIDN foram superiores a 50% em 52% das forrageiras avaliadas e os teores de NIDA, variando entre 22,08% (malva babenta) e 28,04% (marmeleiro) o que indisponibiliza de 3,8 a 5,0% de N, considerando uma média de 18% de PB encontrada nas forrageiras. Quanto ao peso das ovelhas, o valor médio foi de 27 kg e o escore corporal entre 1,0 e 2,0. A pastagem nativa na caatinga tem elevada riqueza de espécies forrageiras e valor nutritivo para manejo alimentar de ovinos, porém a disponibilidade de fitomassa compromete o desempenho dos animais.