HISTÓRICO DA EPIDEMIOLÓGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL E AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE EM TERESINA, PIAUÍ
leishmaniose visceral, cão, controle, epidemiologia.
O Programa de Controle da Leishmaniose Visceral (PCLV) criado pelo Ministério da Saúde é implementado em Teresina pela Gerência de Zoonoses (GEZOON) para as ações de controle do reservatório e do vetor. OBJETIVOS: O presente estudo descreveu e epidemiologia da leishmaniose visceral em Teresina e avaliou as ações de controle do PCLV local. METODOLOGIA: Na primeira parte do estudo, descreveu-se o histórico da epidemiologia da leishmaniose visceral (LV) em Teresina, discutindo aspectos relacionado aos casos humanos, ao vetor e ao reservatório. Na segunda parte foi feita uma avaliação das ações de controle do reservatório e do vetor, comparando o que foi planejado e executado para determinado período, a correlação dessas ações com a doença humana e canina, analisando os possíveis entraves à sua adequada execução. Para tal, foram utilizados dados secundários do Sistema Nacional de Agravos Notificados (SINAN) da Fundação Municipal de Saúde (FMS), do DATASUS, de Relatórios Técnicos da Gerência de Zoonoses (GEZOON) e de entrevistas com o pessoal de campo. RESULTADOS: Foram registrados 4.299 casos e 184 óbitos humanos por LV entre 1980 e 2013, principalmente no sexo masculino e em crianças menores de 10 anos de idade. Nos últimos cinco anos foram notificados 31 casos de coinfecção Leishmania/HIV, acometendo em sua maioria homens com média de idade de 37 anos. A prevalência da doença canina ficou em torno de 9,7% entre 1995 e 2013. Não foi verificada correlação entre a infecção canina e o coeficiente de incidência da doença humana, e vive-versa. A captura de flebotomíneos revelou uma infestação domiciliar de 62,71%, e seu monitoramento mostrou que eles estão presentes em todas as regiões da cidade o ano inteiro, predominando na estação chuvosa. A fauna flebotomínica encontrada consistiu de 4 espécies de Lutzomyia, predominando a L. longipalpis (98,87%). Foram borrifados uma média de 15.469 domicílios anualmente, utilizando cerca de 1,66 gramas do inseticida por domicílio, principalmente nos bairros de transmissão intensa. No período estudado, foram realizadas apenas 52,% das coletas programadas de sangue canino para diagnóstico de LV, sendo a recusa do proprietário uma causa dessa pendência num percentual de 5%. Entregar o cão soropositivo para abate é bem mais difícil, e 38% dos proprietários se recusaram a fazê-lo. Falhas na distribuição de kits diagnósticos foi um dos motivos pela demora entre a coleta de sangue e a retirada do cão positivo. O controle químico foi realizado apenas em 34,2% dos domicílios programados, cumprindo apenas um ciclo de borrifação, tendo como causas do mau desempenho a pequena quantidade de agentes e a descontinuidade do repasse de inseticida. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conforme os dados coletados, consideramos que a incidência da LVH e LVC está estabilizada em altos níveis, mesmo subnotificada. O abate canino, em torno de 56,14% dos soropositivos, não deve influenciar na incidência da doença humana. As ações de inquérito sorológico canino, levantamento entomológico e borrifação não são integradas, contrariando determinação do PCLV. As dificuldades operacionais típicas do PCLV aliadas à negligência no armazenamento dos dados tornaram difícil a avaliação correta da efetividade das ações executadas, mas apontam para a manutenção da transmissão da LV humana e canina em Teresina