Imunopatologia da nefropatia em cães infectados com Ehrlichia canis e co-infectados com E. canis e Leishmania (Leishmania) infantum
E. canis, L. (L.)infantum, nefropatia, co-infecção
Ehrlichia canis é uma bactéria gram-negativa, agente etiológico da Erliquiose Monocítica Canina (EMC). A co-infecção com outros patógenos é comum, dentre os quais se destaca Leishmania (Leishmania) infantum. Ambas, afetam órgãos do sistema fagocítico mononuclear e são mediadas imunologicamente. No curso da EMC e da LVC, os rins são frequentemente comprometidos, contudo, pouco se sabe a cerca dos aspectos imunopatológicos das nefropatias nos animais, particularmente, na EMC e naqueles co-infectados com L. (L.) infantum. Neste contexto, investigamos em cães naturalmente infectados por E. canis de área endêmica, Teresina-PI os mecanismos imunes que levam ao comprometimento renal na EMC comparando-os aos grupos de cães co-infectados com L. (L.) infantum, bem como ao grupo de cães somente com LV. Para tanto, foram utilizados 48 cães, sendo 12 cães infectados com L. (L.) infantum, 12 cães infectados com E. canis, 15 cães co-infectados com L. (L) infantum e E. canis e 09 cães sadios. Após avaliação clínica e confirmação do diagnóstico, os animais foram eutanasiados e fragmentos de rins foram obtidos para exame histopatológico (H-E, Masson, PAMS e Vermelho Congo), e para detecção de células CD4 e CD8, bem como de imunoglobulinas IgG, IgM, IgA por imunoistoquímica. O exame histopatológico revelou um padrão de lesão glomerular do tipo proliferativa mesangial nos cães com E. canis similar aos achados em cães com LV, sendo que se destacou em intensidade mais severa no grupo dos co-infectados. Em menor grau, havia nefrite intersticial com infiltrado inflamatório mononuclear constituído de plasmócitos, linfócitos e macrófagos em intensidade variando de mínima a severa no grupo dos cães com EMC. Além disso, observou-se também um padrão fibrótico em todos os grupos, particularmente, nos animais co-infectados. Vale acrescentar, que não foi observada amiloidose em nenhum dos grupos dos cães infectados. Na análise imunoistoquímica, as células T CD4+ e CD8+ estavam presentes nos glomérulos e no infiltrado inflamatório intersticial em todos os cães infectados, sendo que em maior número nos grupos dos cães com EMC em relação aos cães com LV. As imunoglobulinas IgG, IgM e IgA apresentaram um padrão de imunomarcação na região cortical, com destaque nos capilares glomerulares, bem como na região medular nos túbulos renais e no interstício. A deposição de IgG, IgM e IgA foi significante nos cães com LV tanto na região glomerular quanto medular quando comparados aos cães infectados com E. canis. Em conclusão, a glomerulonefrite proliferativa mesangial é a principal lesão renal em cães com EMC e que as células T CD4+ parecem ter um papel na sua patogênese, semelhante aos cães com LV, exceto, em relação às imunoglobulinas. Nos animais co-infectados o comprometimento renal é mais severo.