Memória, pertencimento e identidade em Uma vida em segredo de Autran Dourado.
Literatura brasileira. Autran Dourado. Uma vida em Segredo. Memória.Identidade.
A presente pesquisa tem como corpus o romance Uma vida em segredo (1964) do escritor mineiro Autran Dourado. O objetivo geral da pesquisa é investigar a questão da memória e da busca por pertencimento como constituintes identitários em Uma vida em segredo. Tem-se por objetivos específicos: a) observar os objetos piano, vestido, pilão e canastra assim como o cachorro como reveladores da memória da personagem principal; b) investigar como a busca por pertencimento está relacionada com a identidade da personagem Biela; e c) identificar quais as causas para a interdição da fala da personagem Biela em Uma vida em segredo. Utiliza-se a pesquisa qualitativa e bibliográfica de cunho exploratório aplicada a análise do romance de Dourado. Como pressupostos teóricos relacionados ao tema da memória, tomam como base teórica apontamentos de Jacques Le Goff (2003), Maurice Halbwacs (2004), Henri Bergson (1999), Sigmund Freud (1996), Pierre Nora (1993), Michel Pollack (1992). A base teórica sobre identidade e pertencimento se apoiam em pressupostos de Stuart Hall (2006), Jonathan Culler (1999) e Zygmunt Bauman (2005). No que diz respeito à interdiçãodo discurso, tomam em especial apontamentos de Michel Foucault (1996). Em forma de conclusão, percebe-se que Uma vida em segredo (1964) apresenta a instabilidade das identidades, muitas vezes fragmentárias, descentradas e conflitantes. A personagem Bielamostra-se como uma metáfora para os conflitos e sequelas da pós-modernidade, cujo exame evidencia muito da relação entre memória e pertencimento como processo de construção identitária.