Mulher e identidade nacional em O país sob minha pele, de Gioconda Belli.
Literatura latino-americana. Gioconda Belli. O país sob minha pele. Gênero. Identidade nacional.
O país sob minha pele, romance corpus desta pesquisa, é constituído pelas memórias de Gioconda Belli. A autora relembra sua criação em uma família rica; revela como participou da guerrilha sandinista, que derrubou a ditadura de Somoza; rememora a reconstrução da Nicarágua após a vitória das tropas revolucionárias; e revela também sua vida amorosa. O objetivo geral da pesquisa é examinar a participação da mulher no processo de construção da identidade nacional na Nicarágua, como apresentado por Gioconda Belli em O país sob minha pele. Como objetivos específicos, pretende-se investigar a participação da mulher no movimento revolucionário na Nicarágua; examinar as instituições patriarcais que constroem e reproduzem papeis de gênero fixos; e investigar a emancipação sociopolítica da mulher como retratada no romance. O trabalho foi desenvolvido através de pesquisa qualitativa bibliográfica, em que é feita um levantamento sobre o histórico das relações de gênero, abordando principalmente o patriarcalismo e as instituições patriarcais que perpetuam a dominação do homem sobre a mulher; é apresentada também a busca por emancipação feminina, através do movimento feminista. Nessa análise são citados autores como Stearns (2010), Zinani (2006), Spivak (2012), Touraine (2007), dentre outros. Também é feita uma análise da relação entre mulher e nação, dando-se ênfase à participação da mulher na luta armada. Para tanto, cita-se Zinani (2010), Mattoso (2010), Walby (2000), Carreiras (1999), dentre outros pesquisadores. Aborda-se também a participação da mulher na política, uma vez que Gioconda Belli participou ativamente do movimento sandinista, acreditando que seu país poderia ser melhor governado sem os ditadores da família Somoza; essa participação representa um avanço no comportamento da mulher que sempre viveu reclusa no ambiente doméstico. Percebe-se que, apesar do patriarcalismo e da reclusão em uma vida doméstica, a mulher tenta conquistar um espaço na vida social, lutando pelo que considera mais justo para seu país, sendo assim, agente de transformação social. Percebe-se também que, apesar de não reconhecido pela historiografia oficial, a mulherparticipa do projeto de construção nacional na Nicarágua, como demonstrado por Gioconda Belli.