AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS PRAGMÁTICOS AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ANÁLISE NO LIVRO DIDÁTICO
pragmática, livro didático, ensino.
Após a chamada virada pragmática que ocorreu a partir dos estudos de Frege, seguido por Wittgenstein tendo seu apogeu nos estudos de Austin e Searle, houve um intenso debate metateórico em busca de sistematizar as questões relacionadas ao significado das línguas naturais, essa investigação tornou-se, pois, o centro dos conflitos, mas o que pareceu consensualmente razoável às comunidades linguísticas fora o fato de “a intuição original griceana de que há uma diferença essencial entre o dito - o que vai ser decodificado - e o implicado - aquilo que vai ser inferido.” (COSTA, 2008, p.10). Entendermos que nem as formas linguísticas, nem o contexto linguístico são capazes de, individualmente abarcarem o significado, assim concordamos juntamente com Levison sobre o trabalho que pode ser feito a partir do conteúdo semântico, por ser ele a base sobre a qual outras manifestações de sentido ocorrem e, por também cremos ser, ainda improvável a autonomia da teoria pragmática. (Cf. Levison, 1983). Logo, buscamos a relevância da pragmática para o LDP na perspectiva dos pressupostos e das implicaturas de Grice, por entendermos que esta seja uma das teorias pragmáticas mais completas, pois para constituir significado considera a proposição, os interlocutores, o contexto implícito e explícito. Assim, a proposta do nosso trabalho buscou evidenciar como o livro didático de Língua Portuguesa, instrumento de trabalho na sala de aula tanto do professor quanto do aluno, trabalha o aspecto pragmático da linguagem que, segundo a teoria proposta por Grice subjaz toda comunicação bem sucedida que seus interlocutores precisam realizar em diversos contextos sociais. Investigamos, pois, como os interlocutores podem fazer uso da língua para dizer algo diferente daquilo que efetivamente dizem por meio dos pressupostos e implicaturas de que fazem uso na conversação que ocorre via livro didático, o modo como exploram inventivamente a língua nas situações de comunicação. Buscamos saber como a teoria das implicaturas de Grice contribui efetivamente com a mediação pedagógica por meio também do modo como faz uso do livro – professor (a) e aluno na sala de aula. Investigamos até que ponto a teoria, seus pressupostos e implicaturas dão a sua contribuição ao livro didático de língua portuguesa à luz dos documentos que buscam assegurar a qualidade do ensino da língua no país – os PCN. Para tratar da teoria pragmática trouxemos Armengaud (2006), Costa (2008), Levison (2007), Marcondes (2005) e Moura (1999). Sobre o ensino e mediação pedagógica temos: Antunes (2003) e (2007), Bortoni (2013), Geraldi (1997). Acerca do livro didático temos Buzen (2009), Cobucci (2007), Marcuschi (2001) e Rangel (2001) e ainda outros autores fundamentam nosso corpo teórico.