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Banca de DEFESA: ANTONIA EDUARDA TRINDADE DA SILVA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ANTONIA EDUARDA TRINDADE DA SILVA
DATA: 01/04/2023
HORA: 09:00
LOCAL: DEFESA DE DISSERTAÇÃO
TÍTULO: O REALISMO E O NATURALISMO NA LITERATURA PELO VIÉS DA LEITURA DISTANTE: ANÁLISE DE CORPUS
PALAVRAS-CHAVES: Humanidades Digitais. Leitura Distante. Realismo. Naturalismo. Literatura Brasileira.
PÁGINAS: 149
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO:

Este trabalho apresenta uma metodologia que faz uso de recursos tecnológicos para a investigação de processamento da linguagem natural. Somado a esse fator e com apoio desse suporte, analisamos, nesta dissertação, aspectos da construção de sentido de palavras ditas sintomáticas, conforme pontua Domício Proença Filho (1995), em obras realistas e naturalistas da literatura brasileira. Tais produções literárias estão disponíveis no corpus OBras, que é composto por um vasto conjunto de narrativas em domínio público (LINGUATECA, 2008). Para darmos continuidade ao nosso trabalho, observamos o que o crítico literário supracitado afirma, em Estilos de época na Literatura, ao analisar o romance O mulato. Na concepção do estudioso, os adjetivos, os verbos e os substantivos são palavras sintomáticas, uma vez que criam, no leitor, uma ambiência sugestiva. Dessa forma, o crítico conclui que os autores do Real-Naturalismo brasileiro transmitiam os aspectos negativos da sociedade em suas obras (PROENÇA FILHO, 1995, P.248). Diante desse contexto, para o prosseguimento desta empreitada e tendo por base a necessidade de se esclarecer características distintas entre o Realismo e o Naturalismo – que eram, muitas vezes, distorcidas e confundidas –, o problema desta pesquisa pauta-se na maneira em que as referências aos adjetivos, aos verbos e aos substantivos contribuem para o reconhecimento de especificidades que permitem identificar o Realismo e o Naturalismo no corpus OBras, pondo em debate a crítica de Proença Filho (1995). Como objetivos específicos, elencam-se os seguintes: analisar quais pressupostos teóricos da leitura distante auxiliam na compreensão das características do Realismo e do Naturalismo, colocando à prova a crítica de Proença Filho (1995); compreender quais grupos lexicais extraídos do corpus OBras concretizam os aspectos que definem as escolas literárias realista e naturalista a partir da crítica de Proença Filho (1995); examinar, com base na crítica de Proença Filho (1995), como o campo semântico auxilia na identificação de características semelhantes e diferentes entre o Realismo e o Naturalismo. Para tanto, buscou-se uma base teórica pautada nas Humanidades Digitais, pelo viés da leitura distante. À guisa de esclarecimento, as Humanidades Digitais dizem respeito à transversalidade das áreas do conhecimento e das representações sociais comunitárias dentro do espaço eletrônico digital (PEREIRA, 2015). Já a leitura distante, que também é denominada pelo termo Distant Reading, diz respeito a um conceito atribuído a Franco Moretti (2008), que propôs, em suas análises, aproximar a computação dos dados literários. O termo se refere, ainda, a uma série de métodos computacionais diversificados para pesquisas de dados quantitativos em obras literárias. Além da crítica de Moretti (2008), o nosso trabalho fundamenta-se nas acepções teóricas de: Underwood (2017), Wolfreys (2009), Lévy (1999), Bastos (2019), Almeida (2019), Alves (2019), Rocha (2019), Ogiboski (2012), Higuchi (2021), Silva (2021), Santos (2019) e Hockey (2018), entre outros. Assim, partimos do pressuposto de que a massiva utilização de palavras ditas sintomáticas gera uma repetição de recursos que podem ser característicos ou não das escolas literárias brasileiras em questão, mas que essa afirmação faz com que as produções literárias do Real-Naturalismo sejam enquadradas em uma visão da realidade que tende a uma percepção apenas parcial da sociedade. Dessa forma, a conclusão do crítico Proença Filho (1995), ao destacar que os autores do Realismo e do Naturalismo transmitiam os aspectos negativos da sociedade, é uma percepção limitada, uma vez que analisa uma única obra dessa época, desconsiderando outras produções literárias, bem como outras escolas que surgiam no Brasil no século XIX. E isso pode ser comprovado pela leitura distante. Nessa perspectiva, o cerne escolhido para as análises, cuja investigação delimita-se tendo em vista o sema “saude:doenca”, são as obras do Realismo e do Naturalismo brasileiros, que integram o acervo do corpus OBras, disponível em: https://www.linguateca.pt/ACDC/, no site do grupo Linguateca: www.linguateca.pt/Literateca/. A escolha das obras se deu considerando o corpus em si e os seguintes aspectos: os textos pertencem às escolas literárias em questão, que aconteciam ao mesmo tempo e na mesma realidade; apresentam propensões possíveis de serem estudadas pelo viés da leitura distante, pois há textos literários que dialogam entre si por meio de termos usados por seus autores; e por serem a base do nosso objeto de pesquisa. Desse modo, como resultados das nossas análises, observamos que as ocorrências dos adjetivos, dos verbos e dos substantivos, nestes textos, evidenciam que o crítico Proença Filho (1995), ao concluir que o Realismo e o Naturalismo brasileiros funcionam como duas escolas literárias em que uma potencializa a outra, avulta uma visão que não responde e nem resolve os problemas de categorização das duas escolas literárias aqui estudadas. Além disso, em nossas análises, notamos uma preferência dos autores realistas e naturalistas por uma escrita mais ampliada do real, como uma espécie de denuncia social e não como uma via de produção focada em apenas mostrar o lado desagradável da sociedade, conforme aponta Proença Filho (1995). Isso porque, nos trechos das obras analisadas, a recorrência de autorreflexão das realidades é constante. Junto a esses fatores, observamos, ainda, que as probabilidades que obras literárias não canônicas têm de apresentar características estilísticas das escolas literárias brasileiras realista e naturalista são maiores do que as de narrativas mais conhecidas.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - DOUGLAS RODRIGUES DE SOUSA - UEMA
Presidente - 008.591.443-64 - EMANOEL CESAR PIRES DE ASSIS - UEMA
Interno - 1550705 - LUIZIR DE OLIVEIRA
Notícia cadastrada em: 22/03/2023 10:26
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