A presente pesquisa tem como objeto de estudo o processo de reescritura da obra A tempestade de William Shakespeare elaboradas por Toni Morrison em Tar Baby, Elizabeth Nunez em Prospero`s Daughter, e por Margareth Atwood no romance intitulado Hag-Seed. Nesse sentido, como discussão central tomamos a subversão de gênero e raça empreendidas pelas autoras na construção das suas personagens femininas, que, de forma transversal, destacam questões outras sobre o que compreendemos por identidades de gênero e raça. Sob uma perspectiva decolonial e interseccional, buscamos investigar os dilemas formais e ideológicos do processo de reescrita de uma obra literária do passado em sua atualização para o presente, analisar as relações entre gênero, raça e literatura, bem como contextualizar a produção literária de Toni Morrison, Elizabeth Nunez e Margareth Atwood. À luz dos estudos Decoloniais, objetiva-se abordar a forma com que as autoras operam categorias como “mulheres” e “raça” na construção das personagens femininas, e critica o imaginário social em torno de mulheres negras. Mesmo após a identificação da existência de outros femininos, como o feminismo negro, a partir dos anos 1960/1970, e do movimento antiracista, é preciso problematizar a ideia unívoca em torno da “mulher negra”, pontuando as diferenças e contradições no tempo e no espaço em que corpos femininos de cor existem ou existiram. Nesse sentido, em uma perspectiva interseccional e com o suporte de autores como, Gonzalez (1984; 1988), Collins (2016; 2019), hooks (2017), Davis (2016) e Akotirene (2019), argumenta-se que as identidades femininas e de raça, das mulheres negras, são múltiplas e plurais, ainda que resultantes dos efeitos identitários dos processos de colonização e de escravização, que imprimiram-nas características homogeneizantes. Assim, a pesquisa tentará responder ao seguinte questionamento: que transformações qualitativas, do ponto de vista narrativo e do debate de gênero e raça, podem ser observadas nas reescritas da obra A tempestade, de William Shakespeare, empreendidas por Toni Morrison, Margareth Atwood e Elizabeth Nunez?