Josué Montello é considerado um dos maiores escritores da literatura maranhense e nacional, sua produção caminha entre temas como memória, cultura e identidade do povo maranhense, destacando bem suas raízes, que tanto lhe eram motivo de orgulho. Ao refletir sobre a figura da mulher maranhense, nos deparamos com uma categoria de mulheres, que tem sua história e vida entrelaçadas na escrita do autor, as prostitutas. Desta forma, este trabalho objetiva analisar as representações da prostituta na obra Cais da sagração (1971) do referido escritor. São apresentadas, nesta pesquisa, uma análise sobre a figura das prostitutas que compõem a obra, bem como os espaços que estas habitam, refletindo, assim, sobre o papel que desempenham na construção da tessitura literária montelliana, famosa por sua fidedignidade ao retrato social do Maranhão. À medida que a discussão se engendra pela discussão social e simbólica em torno da figura da meretriz, questionamos também os discursos, ditos e não ditos sobre qual figuração o imaginário popular tem sobre essas mulheres, presentes e protagonista de inúmeras obras que compõem o cânone nacional e universal. Valemo-nos aqui dos diálogos teóricos suscitados por Alvarez e Rodrigues (2017), Benjamin (1989), Bourdieu (2005), De Marco (1986), Espinheira (1984), Moraes (2015) e Roberts (1998) sobre a temática da prostituição e seus desdobramentos, além de diversos outros que tocam no tema, Sobre a teoria de espaço, temos nomes como Brandão (2015), Foucault (2015), Rago (1985) e Tuan (1980). Desta maneira, apresentamos neste trabalho uma discussão sobre a prostituta na literatura de Montello, ao passo que discutimos a condição do feminino no Maranhão de meados do século XX.