O discurso jornalístico responde a uma forte demanda social quanto à necessidade de se estar informado acerca de tudo o que ocorre em nossa sociedade. Esse espaço discursivo funciona a partir de uma ilusão de completude. No que se refere especificamente ao discurso sobre o (ser) deficiente, tomado por Lopes (2016) como um sujeito diverso, observa-se que as discussões presentes em jornais têm sido ampliadas significativamente. É preciso lembrar, no entanto, que apesar da ampliação, o que se nota acerca dos textos publicados é uma forte polarização entre o “normal” e o diverso. Examinar o modo como este discurso sobre a pessoa com deficiência aparece nos jornais em um momento histórico tal qual o das eleições presidenciais brasileiras torna-se algo bastante salutar, principalmente, se considerarmos que tal eleição fortaleceu a polarização da sociedade brasileira. Esse estudo surge, então, da necessidade de buscar compreender o modo omo estes discursos são constituídos e significam, partindo de um gesto de leitura menos ingênuo, com base na perspectiva teórica e nos procedimentos metodológicos da Análise de Discurso Materialista (AD). Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo compreender o modo como o sujeito deficiente/pessoa com deficiência/diverso é construído a partir daquilo que é veiculado da Folha de S. Paulo, especificamente nos anos de 2018 e 2019. Para constituir nosso arquivo, selecionamos textos publicados pela Folha de S. Paulo, durante o período de eleições em 2018 e durante o período pós-eleição, os cem primeiros dias de governo em 2019. Para que chegássemos a esses materiais, uma primeira entrada mais específica se fizera necessária: os textos foram selecionados a partir da existência das palavras “deficiente” e da expressão “pessoa com deficiência” como um modo de nomeação do sujeito. Feito o recorte, nos colocamos face aos gestos de interpretação.