O romance Mandu Ladino, do autor piauiense Anfrísio Neto Lobão Castelo Branco, que constitui-se como corpus desta pesquisa, apresenta, de forma ficcional, uma releitura da história do índio Mandu Ladino, personagem histórico que viveu em solo piauiense no final do século XVII e início do XVIII e que se tornou símbolo da resistência indígena contra o processo de conquista impetrado pelo colonizador português. Esta pesquisa teve por objetivo geral discutir sobre as representações indigenistas construídas por Castelo Branco em seu romance histórico Mandu Ladino. Para alcançar tal intuito, foram eleitos os seguintes objetivos específicos: a) Refletir sobre as teorias que percebem a História como discurso, examinando como a história do índio Mandu Ladino se torna ficção no romance histórico de Anfrísio Neto Lobão Castelo Branco; b) Contextualizar historicamente o Piauí à época da chegada dos colonizadores para viabilização das fazendas de gado, averiguando as circunstâncias do processo de resistência indigenista nas lutas contra a colonização da região, relatados pela historiografia oficial e por Castelo Branco em Mandu Ladino; c) Apontar aspectos da obra Mandu Ladino, de Castelo Branco, que se aproximam tanto do indianismo romântico novecentista quanto do indigenismo pós-colonial, buscando pontos de convergências e de divergências entre essas duas correntes.Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico no campo da Crítica Literária, com aporte teórico dos Estudos Pós-Coloniais e com forte diálogo interdisciplinar com a Sociologia e a História. Fundamentaram teoricamente a pesquisa os estudos de Alencastre (1981), Bonicci (2005), Borges (2006; 2010), Bosi (1992), Bhabha (1998), Candido (2000; 2006), Chaves (1995), Dias e Sousa (2011), Machado (2002), Jameson (2007), Perrone-Moisés (1992), Pesavento (2012), Ricœur (1994), Silva (1991), Todorov (2003), Veyne (1998), White (1991; 2001), dentre outros. Em forma de conclusões, evidencia-se que, a obra Mandu Ladino, Castelo Branco, tem caráter híbrido no que se refere à representação do índio, sendo perceptíveis traços que ora se aproximam do indianismo romântico novecentista ora se assemelham às narrativas literárias pós-coloniais, com ênfase para uma tentativa de solução harmoniosa a um encontro violento entre os povos nativos do Piauí e as bandeiras paulistas de traços culturais eurocêntricos. Fato ocorrido durante o processo de colonização dessa região - final do século XVII e início do século XVIII.