Os crimes têm sido uma presença constante na literatura ao longo dos séculos, servindo como tema principal em muitos romances, contos e poemas. Desde a época dos clássicos gregos até os dias atuais, os escritores têm explorado o lado mais obscuro da natureza humana, retratando crimes de todas as formas e tamanhos. A presente pesquisa tem como objetivo analisar os crimes literários presentes nas obras “Torto arado”, de Itamar Vieira Júnior e “Água de Barrela”, de Eliana Alves da Cruz, tais como o racismo e a violência contra a mulher. Visa-se ainda compreender como esses crimes são abordados na narrativa contemporânea brasileira e de que forma se relacionam com a defesa dos direitos humanos. A pesquisa se propõe a identificar, nas obras literárias mencionadas, a ênfase na relação entre literatura e direitos humanos. Embora os crimes na literatura possam ser chocantes e perturbadores, eles também nos fornecem uma oportunidade de examinar a natureza humana em todas as suas complexidades. Através da ficção, podemos explorar questões como a moralidade, a justiça e a psicologia criminal, além de nos lembrar das consequências terríveis que podem decorrer de nossas próprias escolhas e ações. As obras aqui analisadas desafiam cada leitor a questionar suas próprias tendências de invisibilidade, a reconhecer a riqueza e a vitalidade que a diversidade proporciona à narrativa humana. Trata-se de um chamado à ação, à desconstrução de estereótipos arraigados e à construção de pontes que conectem experiências, rompendo as fronteiras artificiais que separaram histórias por tanto tempo. Ao abraçar as vibrações das herstories, ou das histórias de Bibiana e Belonísia, como também de Umbelina, Dasdô, Anolina, Martha, Damiana, Celina e Tia Nunu, somos convidados a nos unir em solidariedade, reconhecendo a beleza e a importância de cada voz. É um lembrete de que, ao dar destaque ao que foi negligenciado, estamos contribuindo para uma narrativa mais completa, mais autêntica e, acima de tudo, mais justa. Ao desbravar essas linhas, somos confrontados com a verdade incômoda de que, se existe uma ausência de presença negra na literatura, é porque, repetidas vezes, cada um de nós contribui para a invisibilidade do negro em um esforço inconsciente de destacar o branco que nunca seremos. Esta tese emerge como um eco potente, desafiando-nos a enfrentar esse paradoxo, a reconhecer a invisibilidade imposta e a transformar nossa visão.