Considerando o cenário de pandemia da Covid-19 que assolou todo o mundo, bem como o aumento do número de mendicantes em todas as cidades brasileiras, inclusive em Teresina, esta pesquisa descritiva-interpretativa, de abordagem qualitativa parte das seguintes questões: quem é o sujeito pedinte/mendicante e quais as formações discursivas e ideológicas que o constituem? Que memórias atravessam os seus dizeres e que imagens são construídas a partir de um processo de identificação e subjetivação no e pelo discurso? Nesse sentido, o estudo tem como objetivo principal investigar a construção discursiva do sujeito pedinte por meio de cartazes exibidos pelas ruas de Teresina durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Além disso, como objetivos específicos, pretende-se compreender que imagens são construídas a partir de um processo de identificação e subjetivação dos sujeitos, a partir das formulações discursivas apresentadas nos cartazes; entender o silêncio no discurso da mendicância, assim como as formações discursivas e ideológicas que significam neste discurso; averiguar aquilo que se mantém (paráfrase) e o que se desloca (polissemia) nas produções discursivas dos sujeitos-pedintes. Para tanto, utilizou-se como referencial teórico, principalmente, Pêcheux (2009, 2002, 2010) e Orlandi (2007) e (2020), que discutem os engendramentos discursivos, tais como sujeito, interdiscurso, ideologia, formações discursiva e ideológica; Foucault (1997), que estuda as relações entre verdade e poder, bem como o funcionamento dos dispositivos de poder na dinâmica social; Lynch (2018) e Lefevbre (2008) cujos estudos analisam o conceito de cidade e o direito à cidade. Importa salientar que o levantamento do arquivo discursivo se deu por meio de fotografias de cartazes expostos pelos pedintes nas e pelas ruas da cidade de Teresina, no período de janeiro a agosto de 2022. Tendo em vista os riscos mínimos da pesquisa e a não aparição ou participação dos sujeitos pedintes, mas somente dos cartazes expostos por eles ao público em espaços e vias igualmente públicas, a pesquisa não necessitou passar pelo Comitê de Ética. Todos os métodos e procedimentos seguiram o que preceituam os autores da AD já mencionado e o cumprimento das seguintes etapas: fase linguística e comparativo-discursiva.