O verbo pegar em seu uso efetivo da língua é um verbo marcadamente polissêmico. Na abordagem tradicional de ensino ainda vigente na educação básica, considera-se que já existe um sentido pré-estabelecido, muitas vezes extraído do dicionário e que junto com o contexto considerado externo ao enunciado são a causa do fenômeno da polissemia. As unidades lexicais semelhantes ao verbo pegar nesse aspecto, o da polissemia, ainda são trabalhadas desconsiderando o ambiente textual em que tais unidades estão inseridas. Sabemos que nenhuma unidade lexical comporta em si um sentido primeiro, visto que este sentido se constrói no e pelo enunciado nas relações textuais e que ele é resultante das interações que a própria unidade cria ao integrar o cotexto e o contexto. O presente trabalho busca, a partir de um viés construtivista, analisar a diversidade de sentidos do verbo pegar em enunciados de textos publicitários sob a perspectiva da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE) do linguista francês Antoine Culioli (1990, 1999a, 1999b) e de forma específica na linha investigativa proposta por Franckel (2011), De Vogüé (2011), Paillard (2011) e De Vogüé e Paillard (1997) que busca a identidade de uma unidade lexical ou morfolexical através da variedade de sentido de suas ocorrências. Os mesmos autores postulam também que existe uma identidade a partir da qual é possível chegar a uma forma esquemática. Os enunciados contidos neste trabalho e destinados à análise foram extraídos de sites, blogs e páginas da internet que traziam textos publicitários de campanhas da Saúde, do Trânsito e de propagandas de produtos diversos e posteriormente divididos em grupos conforme o tema de cada texto para em seguida analisarmos as ocorrências de sentido do verbo presente nesses enunciados. Nesse percurso metodológico, buscaremos ainda identificar quais invariantes tomam parte nos enunciados para a construção da identidade semântica do verbo pegar.