Nas tramas da História e da ficção, uma leitura de Tiradentes: poder oculto o livrou da forca, de Assis Brasil
Literatura brasileira. Crítica literária. Assis Brasil. Tiradentes: poder oculto o livrou da forca. Metaficção historiográfica.
Este trabalho tem por finalidade realizar um estudo do romance histórico Tiradentes: poder oculto o livrou da forca, do escritor piauiense Assis Brasil, a partir das concepções pós-modernas que tratam da ficção de cunho histórico e a problematização efetuada por estas em relação à História, valendo-se, principalmente, das ideias desenvolvidas por Linda Hutcheon (1991) para caracterizar o que a autora considera como metaficção historiográfica. Para tanto, o estudo inicia-se com um breve panorama a respeito do romance histórico, mostrando os desdobramentos do gênero ao longo do tempo em nível geral e no contexto brasileiro, para situar, em seguida, os romances históricos de Assis Brasil, observando por meio dos prólogos dessas obras a pertinência de serem analisadas por um viés teórico pós-moderno. Logo após, demonstra-se por meio de diversos estudiosos, entre eles Hayden White, Michel Foucault e Paul Veyne, os debates ocorridos no âmbito historiográfico, gerados pela desconfiança pós-estruturalista em relação à transparência da linguagem, que levaram a se pensar a História como uma área muito próxima da ficção. Tais discussões introduzem a análise do romance Tiradentes: poder oculto o livrou da forca como uma metaficção historiográfica, enfatizando o questionamento em relação à História realizado pela obra. Por fim, examina-se a crítica e a problematização feitas pelo romance referentes à construção do mito do herói nacional Tiradentes, efetuadas pela aliança entre a História e os poderes constituídos com o intuito de tirar proveito da imagem do suposto herói, além de demonstrar como esses discursos sobre o herói foram utilizados na caracterização da personagem Tiradentes no romance.