Esta pesquisa ensaiará um estudo de natureza crítico-analítica sobre as marcas do fantástico na obra A Hora dos Ruminantes do escritor goiano J. J. Veiga, produzida na década de 60, bem como no conto Seminário dos Ratos da escritora paulista Lygia Fagundes Telles, produzido na década de 70, conto homônimo ao nome da coletânea de contos da autora. A perspectiva de análise da pesquisa girará em torno do seguinte problema: Como se configura o papel da Literatura fantástica em uma sociedade marcada por crises sociais, políticas e econômicas? A hipótese que a norteia parte da compreensão de que a cada momento de crise social, política e econômica, quer seja no Brasil dos anos 70 ou no Brasil e no mundo da contemporaneidade, a Literatura Fantástica cumpriu e cumpre um papel de firme contestação, e desta forma, sempre estará presente nos olhos da crítica, renovando-se a cada momento de crise. Neste sentido, três questões norteadoras serão elementos centrais desta investigação: 1.Como se configura a construção do fantástico no universo ficcional do conto ‘O Seminário dos ratos’ de Lygia Fagundes e do romance ‘A Hora dos ruminantes’ de J. J. Veiga considerando as particularidades inerentes a cada uma delas e contexto de suas produções?; 2. O que ocasionou o retorno da crítica ao fantástico, tendo em vista que as críticas que lhe eram dirigidas ficaram mais acanhadas neste começo do século XXI, ou mesmo nos últimos anos da década de 1990? 3. Estaria o retorno da crítica ao fantástico, verificado nos últimos 15 anos, associado ao prenúncio de um recrudescimento das direitas no Brasil e no mundo? O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar a constituição da literatura fantástica no universo de ambas as obras, considerando para além da criação ficcional a proposição de interpretações não convencionais aos problemas reais de um tempo histórico demarcado e, seus objetivos específicos são: a) Identificar traços característicos comuns e distintos da vertente fantástica que externa a concretude da imaginação em J.J Veiga e em Ligia Fagundes Teles, à luz das contribuições de críticos e autores estudiosos da temática; b) Verificar, mediante trabalho de interpretação, se a natureza do fantástico evidenciado nas obras em análise, vigorou como forma de denunciar a realidade opressiva vivida no Brasil durante o Regime Militar; c) Investigar se o retorno da crítica ao fantástico, verificado nos últimos 15 anos, deveu-se ao prenúncio de um recrudescimento das direitas no Brasil e no mundo. A pesquisa é de natureza crítico-analítica com passos bem delimitados e serão objetos de estudos e análises as seguintes referências bibliográficas, dentre outras: Todorov (1981), Rodrigues (2016), Roas (2014), Ceserani (2006), Reis (2013), Cardoso (2012), Bobbio (2017), Bernadinelli (2011), Maluf (2018), Carvalho (2015). a pesquisa propõe uma discussão nova e atual sobre o fantástico e o recrudescimento das direitas, apresentando um novo olhar que em nada rompe com aquilo que já propunha, mas que abre novos horizontes e novas indagações no meio acadêmico.