O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o aluno ao final da escolaridade básica, no entanto, em 2009 esse exame passou por uma reformulação, sendo utilizado a partir desse momento como vestibular seletivo para o ingresso em Instituições de Ensino Superior (IFES), parcialmente ou integralmente. Com essa adesão, ocorreram mudanças tanto em relação à abordagem da literatura como relacionada ao ensino da literatura nas escolas. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo investigar abordagem de questões de literatura no ENEM nos anos de 2013 a 2017 e possíveis implicações desse exame para o ensino de literatura, observando se o que é exigido nos editais se nota efetivamente nas provas; examinado as questões com base em critérios como abrangência, exigência de interpretação, autores e períodos literários mais recorrentes e se grau de dificuldade das questões altera de um ano para outro; observando os impactos que essa forma de abordagem provoca na literatura ensinada nas escolas. Para tanto, tivemos por base principalmente à Assumção (2013) que trabalha com os conceitos de leitura funcional e leitura cultural; Paulino (2001) que trata sobre o conceito de letramento literário e sua importância; Rouxel (2013) e Barone (2007) que nos ajudam com o conceito de identidade leitora; Silva (2009) que nos traz a importância da leitura literária; Medeiros (2012), Luft & Fischer (2014) e Fischer et al (2012) que relatam sobre a abordagem da literatura do ENEM e o ensino de literatura; Zilberman (2008, 2009, 2012) que trata da relação entre literatura e escola; Perrone-Moisés (2016), Todorov (2009), Compagnon (2009) e Jouve (2012) que destacam a importância do estudo e ensino da literatura. Pela análise podemos notar que abordagem da literatura no ENEM tem trazido sérios problemas ao ensino de literatura nas escolas, bem como na formação da identidade de candidatos concorrentes desse exame que estão saindo do Ensino Médio.