O presente trabalho, desenvolvido no âmbito da psicolinguística, a partir de um estudo de caso concernente à Aquisição da Linguagem (AL), descreve a AL de dois surdos oralizados, ressalta os fatores que prejudicam o desenvolvimento da pronúncia e prosódia e verifica se o bootstrapping fonológico pode ser uma das possíveis chaves que abrem as portas para o caminho da AL. A hipótese neste estudo é a de que se a criança não desenvolveu na fase inicial (por volta do primeiro ano de vida) o bootstrapping fonológico teve como consequência o comprometimento da pronúncia e do ritmo, apresentando, com isso, uma fala destoante da comunidade na qual está inserida. A presente pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, com investigação de análise descritiva, em que se abordou a Aquisição da Linguagem de dois indivíduos com problemas de surdez e que desenvolveram a fala oral com problemas no desenvolvimento do ritmo e na pronúncia de sua língua materna. Como resultado, foram constatados três dados interessantes: primeiro, que os participantes, que não tiveram acesso à audição antes do primeiro ano de vida, não apresentam ritmo e pronúncia condizente com a da sua comunidade; segundo, não se pode afirmar que isso seja ocasionado por falta de audição antes do primeiro ano de vida ou devido ao input auditivo e linguístico proporcionado pelo aparelho não ser fidedigno aos sons emitidos por ouvintes; e terceiro, não é impossível oralizar pessoas com surdez. Além da proposta inicial, o presente estudo verificou a necessidade de se ofertar, no ambiente acadêmico e, consequentemente, no ambiente escolar, assim como hoje se oferta LIBRAS, o atendimento especializado a surdos que optem pela oralização com a ajuda da tecnologia (próteses auditivas) como alternativa de ensino.