Este pesquisa apresenta um estudo da peça teatral Une Tempête (1969), de Aimé Césaire, a partir de um pensamento decolonial. Um texto adaptado especialmente para um teatro negro. A peça traz a relação entre duas personagens-símbolo da literatura ocidental: Prospero e Caliban; o colono branco e o escravo negro. O escritor caribenho faz uma releitura da peça A Tempestade (1611), de Shakespeare. Aimé Césaire expõe em sua peça os conflitos fundamentais entre as raças e as classes.. A peça é um canto de liberdade que emerge a partir da resistência estabelecida por Caliban às imposições de Prospero na releitura feita por Aimé Césaire. A partir da releitura feita por Aimé Césaire, Caliban torna-se símbolo de uma reivindicação pelo direito de enunciar, de falar de si, de contar a própria história do seu lugar sem que tenha de ser pelo filtro europeu, representado na peça por Prospero. O objetivo da pesquisa foi apontar em que aspectos teóricos Une Tempête instaura-se como uma representação possível do Caribe em perspectiva à uma representação também das Américas. Neste estudo foram utilizados elementos da História, sobretudo ao período correspondente à Descolonização do Caribe, assim como um dos conceitos fundadores da identidade afro-caribenha, a Negritude. Para tanto, a pesquisa foi fundamentada nos Estudos Culturais e no pensamento decolonial, principalmente sistematizada por Edward W. Said (2007; 2011), Orientalismo e Cultura e Imperialismo; Frantz Fanon (2005; 2008), Os condenados da terra e Pele negra, máscaras brancas; Discurso sobre o colonialismo, de Aimé Césaire (2010); Albert Memmi (1977), Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador; Stuart Hall (2002), A identidade cultural na pós-modernidade, Eduardo Restrepo (2014), Stuart Hall desde el Sur: legados y apropiaciones, Arturo Escobar (2003), Mundos y conocimientos de otro modo: el programa de investigación de modernidade/colonialidad Latinoamericano.