TEODORO BICANCA, DE RENATO CASTELO BRANCO: DA PRODUÇÃO DE SENTIDOS E DA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO HOMEM NORDESTINO
Discurso. Literatura. Sentido.
A produção de sentidos, em um discurso, relaciona-se diretamente aos atos, dizeres, lugares e sujeitos inscritos na dimensão histórica e em todo o contexto. A análise do romance piauiense Teodoro Bicanca, de Renato Castelo Branco, possibilita a compreensão do sujeito que produz o discurso, abrigado em terras nordestinas e interpelado pela ideologia de hábitos e traços típicos desse povo. Atravessando múltiplos contextos e passando por diversas modificações ao longo de sua constituição, o sentido, aqui, considera questões que podem ser analisadas pelo dispositivo discursivo. Através de pesquisa bibliográfica, buscamos analisar a produção de sentidos bem como a construção dos protagonistas da obra, levando em consideração as formações discursivas para a compreensão de quem diz e o que diz, além do estudo das condições de produção, as relações de força existentes na sociedade nordestina e as próprias condições de produção para a escrita da narrativa. MESTRADO ACADÊMICO EM LETRAS / CCHL Campus Universitário Petrônio Portela Bairro Ininga – Teresina – Piauí – CEP 64049-550 Telefones: (86) 3215-5794 / 3215-5942 – E-mail: posletras@ufpi.br Utilizando o embasamento teórico de Michel de Pêcheux, que aborda o discurso sob um pensar histórico, é feita a relação da língua com a ideologia, sobrelevando, inclusive, aquilo que já foi dito. Dessa maneira, conseguimos constatar que tudo que dizemos tem, pois, um traço ideológico em relação a outros traços, que a discursividade tem uma espessura histórica e que a Análise de Discurso se constitui da própria necessidade de construir significações, sob uma ótica do simbólico, que considera a linguagem como prática, como constituição do próprio sujeito, permeada por fatores sociais, psicológicos, culturais, históricos e discursivos. O homem nordestino é, portanto, resultado dessa relação e fruto de um ambiente marcado por características próprias, deixando de ser um simples elemento desconectado do envolto sócio-histórico que o cerca e passando a construir sentidos, a partir do trabalho simbólico, tornando-se sujeito.