O FENÔMENO DÊITICO E OS VERBOS DIRECIONAIS E NÃO DIRECIONAIS DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA – LSB: uma abordagem sintático-semântica
Sinais dêiticos; Verbos; Libras.
Esta dissertação vem abordar o uso e a relação dos sinais dêiticos pessoais como responsáveis pelo processo de concordância verbal na Libras. Defendermos, ainda, que os sinais dêiticos, do mesmo modo que os sinais nominais, se pautam pela composicionalidade fonológica. Aliados à percepção do processo de evolução natural de toda e qualquer língua, evidenciamos que esses sinais evoluem dando origem a novas formas, como o caso do pronome possessivo NOSSO, já que na Libras encontramos sinais distintos para esse sentido de posse, e do mesmo modo também identificamos mais de um sinal dêitico para o pronome de 2ª pessoa, na sua forma singular e plural. Nossa pesquisa fundamenta-se em teóricos como Berenz (1996), Quadros (1995,1997,1990), Ferreira (2010), Quadros & Quer (2013), Meier & Lillo-Martin (2013) dentre outros. E como objetivo geral, essa pesquisa buscou analisar como o surdo atribui significados a partir dos sinais dêiticos, especificamente, quando se utiliza de verbos não direcionais para marcar e/ou localizar seus referentes. E como objetivos específicos, procuramos verificar como o surdo marca referentes de 1ª, 2ª e de 3ª como Suj. e Obj. desses verbos; além de identificar como o tempo e as pessoas são marcadas nos verbos direcionais e não direcionais, optamos, ainda, por averiguar MESTRADO ACADÊMICO EM LETRAS / CCHL Campus Universitário Petrônio Portela Bairro Ininga – Teresina – Piauí – CEP 64049-550 Telefones: (86) 3215-5794 / 3215-5942 – E-mail: posletras@ufpi.br como os verbos não direcionais se comportam relacionados à noção de pessoa e de tempo. Essa pesquisa, por ser de cunho qualitativo e de observação participante, ocorreu em uma associação de surdos, na cidade de Teresina-PI. No qual, os participantes, mediante autorização, foram filmados e aplicados testes durante a fase de observação. A relevância dessa pesquisa se justifica por apresentar novos dados a respeito da LSB sobre a noção de tempo e pessoa, e de que modo a relação entre o verbo e seu Suj. e Obj. se relacionam para estruturar essa língua, aliado ao fenômeno dêitico, que surge em nossas discussões como uma possibilidade de apresentar mais de uma função, com uma mesma forma (e/ou configuração de mão), bem como outras formas, conforme identificamos em nossos dados analisados. Nossas discussões, observações e análises de dados nos levaram a ‘enxergar’ que o caráter gestual nessa língua, possibilitada pelo simples ato de apontar, ganhou novas possibilidades de uso e de sentido, assumindo várias funções, às vezes concomitantemente, acompanhando os verbos direcionais e incorporando-se aos verbos direcionais para indicar os referentes espacialmente. Desse modo, concluímos que esses sinais possuem uma capacidade para se comportar do mesmo modo que os sinais lexicais, mas sem perder seu caráter dêitico de apontar, de indicar e de localizar.