O DITADOR E A REDE: METAFICÇÃO, PARÓDIA E SÁTIRA DO POPULISMO AUTORITÁRIO
O Ditador e a Rede. Daniel Pennac. Metaficção. Paródia. Sátira.
O objeto de estudo desta dissertação é o romance Le dictateur et le hamac (2005), do escritor Daniel Pennac, traduzido para o português por Bernardo Ajzenberg com o título O Ditador e a Rede (2005). Nesta obra o autor constrói uma trama composta por duas camadas narrativas, uma interna à outra, configurando uma construção mise en abyme, ou seja, uma obra que contém outra em seu interior. Tem-se uma ditadura por um lado, com a narrativa interna do ditador e seus sósias e, por outro ângulo, uma narrativa aos moldes narrativos de metaficção. A metodologia empregada na elaboração da dissertação foi de cunho teórico e bibliográfico. Objetivou-se apresentar como O Ditador e a Rede pode ser analisado como narrativa metaficcional e paródica verificando especialmente como se manifesta o discurso satírico no romance. A fundamentação teórica para o exame da estruturação do texto literário teve como base a proposta de Carlos Reis (1999); o conceito de paródia moderna foi estudado como proposto por Linda Hutcheon (1985) e a metaficção por Ana Paula Arnaut (2002). A conclusão do trabalho obtido é o de que a sátira do romance é dirigida ao poder e à sua manutenção, poder assegurado tanto pelos governantes como também pelo povo, não somente pela esfera política. Concluímos que a estruturação das duas camadas narrativas e os elementos desencadeadores da sátira – as intertextualidades, as paródias e os caracteres de metaficção – permitem perceber que O ditador e a rede também possui configuração característica dos romances pós-modernos.