Problemas sociais são materializados na linguagem e resultam em produções de sentido inesperadas, como no caso do preconceito, quando um indivíduo, ao expressar seus posicionamentos de forma agressiva, faz a linguagem ter um caráter antidemocrático e segregacionista. Dessa forma, nesta pesquisa, propomos, de forma geral, analisar os discursos de ódio em casos de racismo nas redes sociais de pessoas famosas e pesquisar como o letramento crítico pode contribuir na diminuição do preconceito racial. Especificamente, objetivamos verificar as condições de produção e os imaginários sociodiscursivos presentes em postagens racistas de haters; e compreender o papel da construção dos sentidos discursivos em produções textuais de alunos do ensino médio de um campus do Instituto Federal do Piauí, buscando trabalhar o letramento crítico junto às práticas sociais de ensino. A fundamentação teórica está pautada nos pressupostos da Análise de Discurso Semiolinguística e Materialista, a partir de contribuições de Charaudeau (2017, 2018) e Orlandi (2001, 2012, 2017), e da Linguística Aplicada, com as contribuições de Freire (2021a, 2021b) Kress e van Leewen (2006), Moita Lopes (2013, 2019) e van Dijk (2019). A metodologia empregada tipifica esta pesquisa como documental e de campo, possuindo caráter qualitativo e interpretativo. Primeiramente, analiso o corpus selecionado das postagens dos haters direcionadas às pessoas negras do meio midiático – como cantores, atores e jornalistas – e, em seguida, os questionários/produções textuais e a gravação da participação oral dos alunos obtidos durante as intervenções temáticas acerca da discriminação racial. Os resultados obtidos demonstram que os discursos de ódio racistas são ancorados aos saberes de crença; que essa prática discriminatória pode estar vinculada às questões socioeconômicas ou não, havendo uma evidência de racismo estrutural; e que a aplicação do Letramento Crítico contribui para a conscientização social dos alunos e para a diminuição do preconceito racial.