O avanço das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) tem promovido uma mudança significativa em relação às práticas de leitura e de escrita na sociedade contemporânea. A ampliação do acesso à internet permitiu a diversificação e a circulação da informação e da comunicação através das mídias digitais. Desse modo, a leitura se apresenta de forma dinâmica e ajustável aos interesses e ao perfil do leitor; como ocorre, por exemplo, na produção e na disseminação de vídeos pelos digitais influencers, em especial, aqueles que elegeram a leitura como tema principal de seus vídeos, os denominados booktubers, produtores de conteúdo em canais no YouTube que constituem comunidades discursivas virtuais chamadas de Booktube. O intuito dos booktubers é compartilhar experiências de leitura literária através de videorresenhas, de resumos orais ou escritos de obras literárias a fim de provocar ou aguçar a curiosidade leitora de seus seguidores e de alguma forma influenciá-los. Na esfera educacional, a inserção das TDIC no ensino ganhou destaque na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a qual orienta que os alunos devem se tornar aptos a participar das práticas sociais de leitura e escrita com protagonismo na cultura digital, usando as multimídias e recursos multissemióticos. Com base nisso, o presente trabalho buscou refletir sobre a influência da linguagem e o formato empregado por booktubers no despertar leitor e possível orientação para a construção de um ponto de vista. A investigação baseou-se nos pressupostos teóricos acerca de texto, produção e construção de sentidos desenvolvidos por Marcuschi (2008), Koch (2011, 2012, 2018) e Kleiman (2010); na concepção de retextualização de Marcuschi (2010) e Dell’Isola (2007); na teoria dos gêneros discursivos de Bakhtin (2006) e dos movimentos retóricos, de Swalles (1990, 1992, 2004); nos estudos sobre letramentos e letramento digital de Street (2014), Rojo (2004, 2012, 2013, 2015), Buzato (2006), Lemke (2010), Jenkis (2009) e Coscarelli (2006, 2010); na teoria da leitura sob a perspectiva psicolinguística desenvolvida por Van Dijk (1978), Kintsch (1983) e Leffa (1996). Sobre a comunidade Booktube, buscou-se apoio nos estudos de Jeffman (2017). Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, analisando-se 5 (cinco) vídeos produzidos pelas alunas do 3º ano do ensino médio de uma escola pública estadual, exercendo o papel social de booktubers. Como resultados, observou-se que as videorresenhas constituem ferramentas adequadas para o ensino de estratégias de leitura, propiciando o desenvolvimento de habilidades leitoras. Ao incentivar práticas de leitura no ciberespaço, também contribuem para inserção de recursos digitais nas práticas pedagógicas da escola.