O LEILÃO DO LOTE 49, DE THOMAS PYNCHON, E O MODELO TEÓRICO DE OBRA ABERTA, DE UMBERTO ECO: forma, narrativa e mensagem.
Pynchon. O leilão do lote 49. Obra Aberta. Umberto Eco
O objetivo desta dissertação é explorar as possibilidades crítico-literárias de duas diferentes tradições teóricas da literatura, tornando possível o diálogo entre a prosa ficcional do romancista americano Thomas Pynchon, em O leilão do lote 49 (1993), e o modelo teórico de obra aberta, de Umberto Eco, como proposto pelo pesquisador em Obra Aberta (1986) e revisado em outras publicações posteriores. O segundo romance de Pynchon é considerado um dos textos mais paradigmáticos da literatura pós-moderna (SHOOP, 2012), em O leilão do lote 49, o escritor explora a flexibilidade da palavra e a ideia de indeterminação, que segundo sua origem latina está ligada a ausência de fim, ou ausência de limites, para produzir uma obra que visa a expansão de possibilidades interpretativas a partir de seu texto (MILLER, 2012; MATHEWS, 2012). Umberto Eco, observando que tal construção é recorrente na arte contemporânea, a partir da segunda metade do século XX, formula o modelo teórico de obra aberta como proposta teórica para compreender a arte que busca, através da indeterminação e ambiguidade, expandir-se em significados múltiplos para que possam ser interpretados ou atualizados no ato da fruição do interprete. Ambas as produções, a obra literária e a proposta teórica, surgem a partir de semelhantes transformações no modo como o homem contemporâneo entende sua realidade, já que a arte e a ciência, à guisa da similitude e da metaforização, produz complementos, do real (ECO, 1986), portanto, percebe-se que, paralelo à compreensão da realidade ficcional de O leilão do lote 49, através do modelo teórico de obra aberta, é possível se chegar a um dos modos do homem contemporâneo interpretar a sua realidade empírica, não mais sob formas unívocas e homogêneas, mas através da indeterminação e da pluralidade de significados.