A presente pesquisa tem por objeto analisar os “mecanismos de espacialidade na literatura contemporânea de autoria surda” presentes nos poemas dos (as) autores (as): Fernanda Machado, Renata Freitas, Léo Castilho e Edvaldo Santos. As produções foram publicadas em páginas disponíveis na web, a fim de evidenciar possíveis relações entre o espaço delineado nessas composições e os aspectos da realidade política, social e cultural do povo Surdo. Assim, também nos interessa saber como os mecanismos de espacialidade auxiliam na composição dos poemas. O estudo apresenta como ponto de partida a seguinte questão: quais mecanismos de espacialidade estão presentes na literatura contemporânea de autoria surda? As produções foram exploradas a partir dos conceitos de Topofilia, Topofobia e Gradientes Sensoriais, do geografo humanista Tuan (2005), bem como os conceitos de Rasura e Heterotopia abordados por Derrida (1973) e Foucault (1984), respectivamente. Esses conceitos abrangem diversos aspectos da esfera espacial no campo literário, bem como a sua composição simbólica, as relações que estabelece com a cultura e a sociedade, a dimensão afetiva, as projeções de sentido, as formações discursivas, dentre outros segmentos. O corpus documental mobilizado foi composto por poemas sinalizados, produzidos e publicados no Youtube e no Instagram. Escolhidos os poemas, analisamos os mecanismos de espacialidade contidos neles e compreendermos como o espaço auxilia na estruturação destes. A partir desses pressupostos, priorizamos a análise do espaço nos poemas considerando que estes são representativos para a valorização da língua de sinais e identidade dos Surdos, ao passo que contribuem para a ampliação do debate e para o fortalecimento desses sujeitos na busca pelo respeito à sua cultura.