A variação linguística no livro didático e na sala de aula
Sociolinguística, variação linguística, livro didático, sala de aula.
Esta dissertação refere-se a uma pesquisa qualitativa, de caráter interpretativista, que lidou com os diversos aspectos da variação linguística contemplados no LDP e em situações específicas da sala de aula, a fim de descrever os processos de abordagem e apreensão desse fenômeno linguístico na condição de objeto de ensino escolar. Definimos como objetivo geral, analisar, à luz da Sociolinguística, o tratamento dado à variação linguística na sala de aula e no Livro Didático de Português, especificamente em uma coleção do ensino Médio, avaliada pelo PNLD e adotada pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI). Para tanto, de modo mais específico, buscamos: I) proceder a um levantamento dos aspectos da variação linguística contemplados no Livro Didático e na sala de aula; II) analisar as terminologias relacionadas à variação linguística empregadas no Livro Didático e na sala de aula; III) analisar se o livro didático e/ou as aulas evidenciam a variação linguística nos diversos níveis (fonético-fonológico, morfológico, sintático, semântico e estilístico-pragmático), bem como no comportamento linguístico individual do falante; IV) observar se o livro didático e/ou as aulas discutem a pluralidade de línguas e de dialetos existentes no país; V) analisar se o livro e/ou as aulas propõem uma reflexão sobre as variedades que poderiam suscitar alguma avaliação social negativa. Para a geração de dados, utilizamos as técnicas da observação participante, filmagens de aulas, produção de notas de campo e análise documental do livro didático de português. Buscamos apoio teórico nos princípios e postulados da Sociolinguística, bem como nos trabalhos voltados para o livro didático. Constituíram nossos principais aportes teóricos os trabalhos de Faraco, Bortoni-Ricardo e Bagno, assim como as pesquisas de Bunzen. A partir do contato direto com os professores e os alunos, verificamos que, em última instância, é a eles que competem as decisões de (re)elaboração dos conteúdos escolares, a partir da apropriação que fazem do discurso oficial, dos discursos acadêmicos e do próprio livro didático. E, mais do que isso, acentuamos o fato de que a dinâmica discursiva da sala de aula se dá, especialmente, em função da formação e das experiências das professoras, que possibilitam o desenvolvimento das ações e das reflexões.