O presente trabalho investigou os eventos de letramento que fazem parte das rotinas de famílias de pessoas com deficiência, para compreender as identidades assumidas nesses grupos. A pesquisa foi realizada com duas famílias de Landri Sales/PI, denominadas respectivamente, de família Silva e família Santos. Esse trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa etnográfica, de abordagem qualitativa, tendo como instrumentos de geração de dados: a entrevista semiestruturada, observação participante e coleta de artefatos. Ancorada teoricamente nos Novos Estudos de letramento (NEL) e Multiletramentos (KALANTZIS; COPE; PINHEIRO, 2020). Os resultados apontam que as práticas de letramento que incidem sobre as identidades assumidas pelos participantes da pesquisa nos eventos de letramento estão articuladas com os pressupostos sobre pessoas com deficiência contidos no discurso especializado, pedagógico e religioso. Essas práticas são reveladas pela ideia de ser de direito, cuidado, caridade, que constituem as formas pelas quais os familiares das respectivas famílias intermediam as interações da pessoa com deficiência nos diferentes âmbito participativos. Logo, os letramentos que intermedeiam as interações dos participantes da pesquisa estão relacionados aos modelos pedagógicos e especializados. Além disso, outras práticas de menor alcance são agenciadas pelos participantes como usos informais, mas que apresentam espaços importantes para expressividade autobiográfica, sendo estas configuradas nas práticas do letramento virtual. Assim, as identidades que estão intermediadas nas práticas de letramento são fluidas, permitindo que os grupos familiares assumam diferentes posições em relação aos eventos de letramento e as práticas sociais em cursos.