O presente trabalho propõe-se a analisar, discursivamente, matérias publicadas pela revista Superinteressante sobre o autismo. Mais especificamente, busca identificar as estratégias adotadas pela revista para garantir a adesão do público-leitor. Para tornar isso possível, adotaremos dois conceitos advindos da teoria semiolinguística de Charaudeau (2014; 2015), são eles: dispositivo de encenação da linguagem e estratégias de captação. De acordo com o autor, a mídia “se acha numa tensão entre duas visadas (...): uma visada de fazer saber, ou visada de informação propriamente dita (...); uma visada de fazer sentir, ou visada de captação, que tende a produzir um objeto de consumo segundo uma lógica comercial: captar as massas para sobreviver à concorrência” (CHARAUDEAU, 2015, p. 86, grifos do autor). Trata-se de uma pesquisa qualitativa e interpretativa que tem como corpus cinco matérias publicadas pela revista Superinteressante nos anos de 2012 a 2017, tendo o autismo como tema comum. Os resultados parciais apontam para o fato de que a primeira visada é o que se espera claramente da mídia jornalística, não se podendo dizer o mesmo da segunda, pois é grande o risco de isso não ser bem visto pelo público-leitor que, ao avaliar a credibilidade das informações, reverbera, em maior ou menor grau, na legitimidade da instância midiática.