(Re) leituras do “dizer” do médico em comunicação com o paciente: uma abordagem em práticas de letramento social
Relações dialógicas. Interação. Contextos hospitalares. Médico e Paciente. Letramento social.
Neste trabalho, admite-se o pressuposto de que a linguagem é uma forma de interação, que possibilita ao sujeito construir-se na e pelas práticas e ações sociais com as quais se envolve no processo comunicativo, assumindo papeis de negociação e construção dialógica de sentidos com seus interlocutores. O recorte temático refere-se a ‘interação entre médicos e pacientes em contextos hospitalares, considerando seus níveis de letramento social e, a compreensão inerente à enunciação’. Tem-se como objetivo geral investigar (re) leituras feitas por pacientes a partir de consultas realizadas com médicos em postos de saúde, com vistas a demonstrar processos de compreensão nos contextos de interação. Adotam-se os seguintes questionamentos: Nas práticas comunicativas em contextos de saúde, como se desenvolve a atividade comunicativa entre médico e paciente? Como o ‘dizer’ do médico é identificado por seu paciente e quais as formas ou estratégias de compreensão que esses interlocutores utilizam na comunicação? Do ponto de vista metodológico, constitui-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo, de abordagem qualitativa e dialógica. A coleta de dados foi realizada em três Unidades Básicas de Saúde, na cidade de Nazária (PI), constituindo um corpus de 48 entrevistas, sendo 3 com médicos e 45 com pacientes, acrescentando caderno de anotações e fotografias das receitas médicas. E a elucidação teórica parte, principalmente, da epistemologia bakhtiniana acerca do dialogismo na linguagem; bem como as argumentações de Bronckart (2006/2008/2012), Benveniste (2005/2006), Vygotsky (2001/2008), Koch (2011/2012), Rojo (2010), ao reiterar os estudos da linguagem em perspectiva dialógica e enunciativa, apontando para a sócio interação e a subjetividade na linguagem; bem como os estudos dos letramentos, postulados por Street (1984/1995) e com argumentos teóricos de autores, como Lopes (2006), Kleiman (1995/1998), Marcuschi (2001/2010), Soares (2003/2010), Tfouni (1988/2010), entre outros. As exposições teóricas aliadas aos dados coletados na pesquisa de campo podem orientar à conclusão de que a forma como cada sujeito enuncia expõe um caráter subjetivo e próprio da linguagem, ou seja, um modo de construir sentidos e significados sobre o mundo. Essa subjetividade se evidencia na comunicação e na compreensão entre os falantes, ela se funda na construção discursiva, em que os sujeitos ressignificam seus papeis, assumindo a consciência de si e do outro.