ACIDENTES DOMÉSTICOS COM CRIANÇAS DE ATÉ QUATRO ANOS EM FLORIANO-PI
Acidentes domésticos. Crianças. Fatores de risco
Os acidentes domésticos em crianças de até quatro anos são apontados como um grave problema de saúde pública. Teve-se como objetivos analisar a ocorrência de acidentes domésticos com crianças de até quatro anos; caracterizar o perfil sócioeconômico e demográfico dos cuidadores; descrever os tipos de acidentes sofridos e a parte do corpo atingida; identificar os fatores de risco para acidentes domésticos; verificar a associação entre os fatores de risco e a ocorrência de acidentes domésticos. Estudo analítico, quantitativo com delineamento transversal, realizada em 330 residências da zona urbana de Floriano-PI com crianças de até quatro anos. Utilizou-se um formulário, feita observação do ambiente e preenchido um check-list. Realizou-se o teste qui-quadrado de Pearson, a razão de verossimilhança com nível de significância de 5% e a Odds Ratio, além da regressão logística múltipla hierarquizada. Pesquisa aprovada sob Parecer nº 817.183 CEP/UFPI. Encontrou-se que os cuidadores eram mulheres (98,5%), faixa etária de 20 a 29 anos (49,1%), com ensino médio (57,0%), pertencentes à classe econômica DE (78,8%), casadas/união estável (67,3%), sendo 67,9% prestadores de serviços domésticos. 52,4% das residências possuíam de 4 a 5 pessoas, com apenas uma criança (45,2%), que não ficam sozinhas (91,5%) e quando ficam, a avó quem cuida (44,2%). Os acidentes aconteceram no domicílio em 97% dos casos, sendo mais comum as quedas (88,2%), pela manhã (44,8%), na área externa da casa (30%), a face a parte do corpo mais atingida (47,3%). Na associação entre fatores de risco relacionados a infraestrutura/ambiente do domicílio com a ocorrência de acidentes obteve-se a presença de escada ou degraus sem corrimão (99,6%), local de brincadeiras com espinhos, pregos, cacos de vidro e outros (98,9%) e a presença de plantas/jardim ou quintal (99,4%). Na associação entre fatores de risco relacionados à disposição de objetos e móveis com a ocorrência de acidentes encontrou rede alta (88,9%), saídas e passagens mantidos com brinquedos, móveis, caixas ou outros itens que possam ser obstrutivos (99,1%), ventiladores ligados ao alcance das crianças (99,5%), produtos de limpeza, inseticidas são guardados em locais baixos (98,0%) e domicílio possui cortinas ou mosqueteiros (91,9%). A associação entre fatores de risco relacionados às atitudes dos cuidadores e/ou comportamento das crianças encontrou 99,5% brincam com madeiras e paus não polidas (99,5%), os alimentos como amendoim, pipoca, certos doces duros, chicletes são dados às crianças (98,9%) e os alimentos sólidos são oferecidos à criança (99,6%). Na blocagem hierarquizada o número de crianças residentes na casa (p=0,043), número de pessoas residentes na casa (p=0,009), escadas ou degraus sem corrimão (0,037), produtos de limpeza, inseticidas guardados em locais baixos (p=0,026) e alimentos sólidos são oferecidos à criança (p=0,021) permaneceram no modelo final, explicando 49% da ocorrência dos acidentes domésticos (R² Nagelkerke). O Exp (B) mostrou que ter mais de uma criança em casa reduz em 53,3% as chances da ocorrência do acidente, acima de quatro pessoas em casa aumentam as chances em 1,7 vezes; escadas ou degraus sem corrimão em 12,8; produtos de limpeza, inseticidas guardados em locais baixos em 6,9 e alimentos sólidos oferecidos em 16,3. A pesquisa evidencia a importância da participação dos profissionais de saúde na elaboração e na atuação nos programas de prevenção de acidentes domésticos.