Introdução: A violência é considerada fenômeno crônico e complexo e apresenta-se como grave problema de saúde pública no mundo. Está categorizada no rol das causas externas, que configuram como a sexta causa de morte de pessoas idosas no Brasil. O conhecimento dos fatores associados ao risco de violência doméstica contra a pessoa idosa torna-se essencial, pois permite a identificação precoce de casos pelos profissionais de saúde, em especial, os que atuam no contexto da Atenção Primária à Saúde, assim como de outros setores da sociedade. Além disso, pode possibilitar o desenvolvimento de ações estratégicas e fundamentar as políticas públicas referentes a essa problemática. Objetivo: Analisar a prevalência do risco e fatores associados à violência doméstica contra a pessoa idosa na comunidade. Método: Trata-se de estudo transversal realizado nas Unidades Básicas de Saúde, da zona urbana, de Teresina-PI. As pessoas idosas cadastradas nesses ambientes de cuidado, compuseram a amostra totalizando 173 participantes. O estudo foi realizado no período de outubro de 2022 a fevereiro de 2023 e foram utilizados como instrumentos de pesquisa o Formulário para coleta de dados sociodemográficos e clínicos, adaptado de Sá (2016); Mini Exame do Estado Mental; Índice de Katz; Escala de Lawton-Brody e a escala Vulnerability Abuse Screening Scale (VASS, versão brasileira). Foi realizada análise estatística e inferencial, aplicou-se o teste Qui-quidrado de Pearson com correção de Yates e Correlação de Spearman, foram contruídos modelos de regressão logística multinomial e utilizados valores brutos e ajustados de Odds ratio. Adotou-se intervalo de confiança de 95%. Resultados: Os resultados apontaram maioria de mulheres (62,4%), com idade entre 60 e 70 anos, pardas (63%), sem companheiro fixo (solteiro, divorciado ou viúvo). As pessoas idosas entrevistadas, conviviam com duas ou três outras pessoas em suas residências, sabem ler e escrever (71,7%) e estudaram, pelo menos, até o ensino fundamental incompleto (42,2%). A hospitalização resultante de algum tipo de violência sofrida, ocorreu com oito participantes. A maior parte das pessoas idosas eram independentes nas atividades básicas e instrumentais de vida diária, no entanto, apresentaram declínio cognitivo (68,2%). Houve associação do risco de violência com as variáveis faixa etária, em que o baixo risco foi prevalente para àqueles com idade entre 60 e 70 anos (p < 0,018), enquanto o alto a moderado risco esteve mais presente naqueles acima de 70 anos; com a variável internação por violência (p<0,039), notou-se que ser internado não implicou em evolução para níveis mais elevados de violência, naqueles classificados como baixo risco. Os itens mais pontuados na escala de avaliação do risco de violência adotada foram “ficar triste ou sozinho(a)” (48%/ n=83), “ofensas e fazer sentir-se mal” (41%/ n=71) e “pegar pertences sem permissão” (28,9%/ n=50), refletindo os domínios desânimo, vulnerabilidade e coerção. Conclusão: Enfatiza-se a importância da capacitação dos profissionais de saúde, bem como desenvolvimento de ações de educação sobre violência contra a pessoa idosa com as famílias, a comunidade e as próprias pessoas idosas, a fim de fortalecer o reconhecimento dos fatores de risco aos quais essas pessoas estão expostas dentro de seus lares.