Vivências de mulheres que passaram pelo processo de abortamento espontâneo: contribuições para a assistência de enfermagem
Aborto espontâneo, Enfermagem, Cuidado, Emoções
Abortamento é a morte do feto, que pode ocorrer entre 20ª e 22ª semanas de
gestação e/ou com 500 gramas ou menos, o que o torna incompatível com a
vida extrauterina, é dito espontâneo quando ocorre involuntariamente. O aborto
é o próprio concepto eliminado e abortamento é o processo. Tema polêmico
que envolve preceitos éticos, morais, sociais, culturais e religiosos, tornando-se
fonte de sofrimento para a mulher e a equipe de saúde que a assiste. Os
objetivos deste trabalho foram descrever e discutir as vivências das mulheres
em situação de abortamento espontâneo. Constitui-se em um estudo descritivo
de natureza qualitativa, que utilizou o método História de Vida. Os sujeitos da
pesquisa foram onze mulheres cujos dados foram produzidos mediante
entrevista com questões relativas ao perfil socioeconômico e demográfico e
aspectos gineco-obstétricos, além da questão norteadora da entrevista “Fale
sobre sua vida relacionando os fatos importantes que tenham relação com o
processo abortivo, antes, durante e após o abortamento”. Os relatos foram
analisados e interpretados por meio da análise de discurso segundo Bardin, o
método e referencial sobre a temática. Os resultados compreenderam a
caracterização dos sujeitos e as falas deram origem às categorias temáticas:
“A descoberta da gravidez e as alterações fisiopsicológicas no organismo;
Causas da ocorrência do abortamento espontâneo; Sentimentos de mulheres
que vivenciaram o abortamento espontâneo; e, Assistência de enfermagem à
mulher em situação de abortamento espontâneo”. Na categoria “A descoberta
da gravidez e as alterações fisiopsicológicas no organismo”, que relaciona a
gestação inicialmente a sentimentos negativos devido à falta de planejamento
e que posteriormente transformam-se em sentimentos positivos aliados à
aceitação da gravidez, a mulher passa por transformações físicas e
psicoemocionais que a leva desenvolver a maternidade. No que refere às
causas do abortamento espontâneo as mulheres relataram as psicológicas e
físicas. Quanto aos sentimentos vivenciados frente ao abortamento
espontâneo as mulheres destacaram: tristeza, consolo álibe, alívio, desespero,
negação, dor, medo e perda. Na assistência de enfermagem em situação
abortiva as mulheres expressaram uma assistência considerada boa, no
entanto percebe-se que o papel da enfermeira não ficou totalmente definido
para elas. A assistência passa por um processo de transformação, aliando um
cuidado voltado aos aspectos técnicos e psicoemocionais. Essa pesquisa
possibilita que os acadêmicos de enfermagem, e enfermeiras(os), reflitam
sobre a assistência prestada às mulheres em situação abortiva, demonstrando
que o profissional deve ter em mente não só o conhecimento técnico-científico,
mas envolver-se de uma conduta humanizada e ética ao lidar com essas
pacientes.