Introdução: Entender a dinâmica, a tendência da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e o comportamento da população dentro dos novos espaços de socialização nos ambientes virtuais, se caracteriza um importante cenário para estudo. Um componente novo tem preocupado estudiosos e autoridades de saúde, no que diz respeito à expansão do HIV/Aids, que são as mídias sexualmente explícitas (MSE). Objetivo geral: analisar a associação do consumo de mídias sexualmente explícitas nas práticas sexuais de risco ao HIV/Aids na população brasileira. Método: Trata-se de um estudo analítico, transversal, online e de abrangência nacional desenvolvido com 854 participantes das cinco regiões do Brasil, em quatro etapas: revisão da literatura com a produção de um revisão de escopo, análise prévia dos fatores associados ao sexo sem uso de preservativos em consumidores de MSE, validação do instrumento de pesquisa e o estudo transversal para alcance do objetivo da tese. Para avaliar se o tamanho da amostra do estudo foi satisfatório, uma análise de poder foi realizada pelo software G*Power 3.1. A coleta de dados ocorreu de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. Os dados coletados foram analisados no software Statistical Package for the Social Sciences SPSS® 26.0. Para avaliar os fatores relacionados ao envolvimento com práticas de risco, utilizou-se a regressão logística, com o estimador robusto da matriz de covariâncias. Os modelos foram ajustados para cada variável independente e um p<0,20 foi adotado como critério para prosseguir com o modelo multivariado. Foram apresentados os valores de Odds Ratio (OR) brutos e ajustados, intervalos de confiança (IC 95%) e a significância do Teste de Wald com valor de p<0,05. Resultados: A revisão de escopo identificou a influência das mídias quanto ao comportamento sexual de risco e a múltiplas parcerias sexuais. A análise prévia revelou associação estatisticamente significante do uso de preservativos com o tipo de cenas que prefere (p = 0,03), tipo de pornografia que assiste influenciando nas suas relações sexuais (p = 0,017) e número de cenas vistas por semana (p = 0,05). O estudo metodológico de validação verificou que o IVC do instrumento adaptado foi satisfatório para os domínios de saúde sexual (93,4%) e práticas sexuais (94,2%), enquanto os itens referentes ao consumo de MSE obtiveram IVC de 100,0% para ambos os critérios. As análises dos dados do estudo transversal apontaram que 558 (65,3%) informaram ter o hábito de ver pornografia. Identificaram-se chances aumentadas para o envolvimento em prática sexual de risco em: ser do sexo masculino (ORa=1,36 vezes); orientação sexual LGBTQIA+ (ORa=1,44); hábito de ver pornografia (ORa=1,47); menos de 12 anos no primeiro contato com a pornografia (ORa=2,74); entre outras variáveis. Conclusão: Os resultados mostraram que o consumo de MSE está associado as práticas sexuais de risco ao HIV entre os brasileiros. Entende-se que é oportuno a utilização de estratégias pelas produtoras que demonstrem nas cenas o uso de medidas preventivas ao HIV/Aids, bem como a inclusão nas políticas de saúde de ações que promovam a interface das novas formas de prevenção e o compartilhamento das MSE no ambiente virtual.