Introdução: A preocupação com a saúde mental da população se intensifica durante uma crise social. A pandemia da COVID-19 pode ser descrita como uma dessas crises, a qual tem se caracterizado como um dos maiores problemas de saúde pública internacional das últimas décadas. Porém com o desdobramento da pandemia observou-se que a COVID-19 vai muito além dos sintomas clássicos como tosse, febre e mialgia. Estudos passaram a identificar a presença de sentimentos negativos, sintomas de insegurança, depressão, ansiedade e estresse frente à pandemia na população geral e, em particular, nos profissionais da saúde. Objetivo: Compreender os sentimentos e emoções dos trabalhadores de enfermagem que atuam no Centro de Atendimento para Enfrentamento à COVID-19. Referencial temático: Entende-se por emoção uma interpretação dos estímulos externos e os sentimentos como respostas da interpretação orgânica das emoções, onde as emoções e os sentimentos possuem uma relação com o comportamento humano, podendo ser vistos como desencadeador motivacional no indivíduo ou como gatilhos de sofrimento psíquico. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo. A produção de dados foi embasada através de um questionário semiestruturado com 14 profissionais de enfermagem. Na análise dos dados das entrevistas, utilizou-se da Classificação Hierárquica Descente (CHD) do software IRAMUTEQ®. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, sob o parecer de número 4.416.170, e obteve parecer favorável sobre da instituição coparticipante. Resultados: Foram identificadas 291 Unidades de Contexto Elementar classificadas em 233 segmentos de texto que representam 81.10% do corpus. Os resultados apresentam-se em seis classes: Classe 1- A emoção “nojo” no contexto da pandemia por COVID-19– nesta classe os trabalhadores de Enfermagem apontam o nojo como uma emoção negativa, principalmente nas suas relações sociais. Na Classe 4- O impacto negativo da pandemia por COVID-19 nas relações sociais dos trabalhadores de enfermagem frente a pandemia-aonde percebeu-se a influência das emoções principalmente nas relações conjugais. Na Classe 5-O preconceito e o isolamento social- nessa classe os profissionais viam o isolamento como reflexo do preconceito da população. Na Classe 3- Influência das emoções e sentimentos no cuidar em Enfermagem no contexto da pandemiaobservou-se a ambivalência das emoções na assistência de Enfermagem. Na Classe 2- Apoio emocional e as relações interpessoais entre a equipe de enfermagem no processo de cuidar no contexto da pandemia-observou-se a importância do apoio interprofissional e por fim na Classe 6- Sofrimento psíquico de trabalhadores de enfermagem da linha de frente- viu-se o sofrimento dos profissionais como fruto do processo de trabalho. Conclusão: Compreenderam-se as emoções e sentimentos de profissionais de enfermagem da linha de frente, no atendimento a pacientes com suspeita de COVID-19 como resultantes do processo de trabalho, do sofrimento psíquico e das estratégias de enfrentamento desses profissionais frente à pandemia por COVID19. Espera-se que esse estudo possa auxiliar a gestão pública a desenvolver políticas de atenção à saúde emocional dos trabalhadores de Enfermagem.