Introdução: A sociedade é formada por diferentes segmentos populacionais, dentre os quais, existem a população em situação de rua. Esse grupo social é formado por todo ser humano sem lugar destinado a moradia, e que acaba pernoitando pelos logradouros, prédios abandonados e albergues, ou outros ambientes considerados impróprios para residir. São diversas as causas que contribuem para o aumento dessa população: pobreza, miséria, desemprego, dependência de substâncias psicoativas, conflitos familiares, existência de doença mental e dentre outras situações. Objetivo: Avaliar as relações entre o consumo de álcool e/ou outras drogas com transtorno mental comum e violência em pessoas que vivem em situação de rua no município de Teresina-PI. Metodologia: Estudo observacional do tipo transversal – analítico, com uma abordagem quantitativa, desenvolvido na cidade de Teresina, Piauí, Brasil, no período de outubro/2019 a março/2020. A amostra foi composta por 127 moradores em situação de rua. O formulário de coletas consistiu em informações sociodemográfica e econômica, condições de vida e condições de violência autorreferidas; e de dois instrumentos: Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test – ASSIST e Self-Reporting Questionnaire - SRQ-20, para avaliação do consumo de álcool e outras drogas e avaliação do Transtorno Mental Comum (TMC). Os dados foram analisados no Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 22.0, sendo realizada análise inferencial e exploratória-descritiva. Resultados: O segmento populacional na cidade estudada é formado predominantemente pelo sexo masculino 108 (85%), com a média de idade de 39,2 anos, solteiros 75 (59,1%), da raça/cor parda 77 (60,6%), com ensino fundamental 74 (58,2%), sem renda 49 (38,6%) e com filhos 69 (54,3%). Naturalidade teresinense 53 (41,7%), com média de 1 ano e 7 meses em situação de rua, sendo o conflito familiar 71 (39,4%) a causa básica para viverem nessas condições. As drogas mais usadas são: Álcool 121 (95,2%), Tabaco 111 (87,4%), Maconha 94 (74%) e Cocaína/ Crack 74 (58,3). A prevalência de sofrimento mental foi de 63% (80). E em relação à violência, destacou-se a psicológica 81 (36,3%) e a física 73 (32,7%), e quase metade da amostra já havia praticado atos de comportamento suicida 60 (47,6%). Houve associações estatisticamente significativas entre o sofrimento mental e o uso de tabaco (p=0,05), cocaína/crack (p=0,006), violência sexual (p=0,02) e autodirigida (p=0,02). Uso de álcool e a violência física (p=0,04), e patrimonial (p=0,005); tabaco – outros tipos de violência (p=0,01) e Maconha – violência psicológica (p=0,05), patrimonial (p=0,05), e outros tipos de violência (p=0,01). Entre as variáveis sociodemográfica, idade mostrou associação com o tabaco (p=0,05) e álcool (p<0,001) e a renda com alucinógenos (p=0,008) e opioides/opiáceos (p=0,05), bem como o sexo (p=0,04) e escolaridade (p=0,01) com sofrimento mental. Conclusão: O estudo evidenciou que existe uma relação entre o consumo de substâncias psicoativas e o aparecimento de transtornos mentais comuns, bem como a exposição em sofrer diferentes tipos de violência. Portanto, é necessária a elaboração de políticas que alcancem de fato as demandas desse segmento populacional.