Introdução: a sociedade contemporânea vem enfrentando fenômenos em saúde de difícil manejo, logo, estudos teórico-práticos para o desvelamento de conceitos em saúde merecem ser melhor explorados pela comunidade científica. Destaca-se, a Síndrome do Edifício Doente, um complexo de sintomas comuns ao adoecimento em grupo de trabalhadores em um mesmo edifício, proposto inicialmente pela Organização Mundial de Saúde. Contudo surgem novas demandas de compreensão, mediante as constantes transformações da sociedade em padrões culturais e mesmo de adoecimento do trabalhador. Nesta perspectiva, a construção de teorias de médio alcance aponta como alternativa para a exploração de fenômenos em saúde de interesse da população. Assim, defende-se que é uma necessidade premente a proposição de teorias e modelos que permitam investigar e desenvolver uma especificidade da interação estabelecida por trabalhadores da saúde em contexto de adoecimento. Objetivo: desenvolver um modelo teórico explicativo sobre a Síndrome do Edifício Doente (SED), no contexto de trabalhadores de saúde hospitalares brasileiros. Metodologia: estudo do tipo teórico à luz do interacionismo simbólico. A abordagem metodológica escolhida foi a pesquisa qualitativa sob orientação dos conceitos da Teoria Fundamentada nos Dados. A coleta de dados aconteceu entre julho e agosto de 2020 mediada por plataforma digital, por meio da gravação e transcrição de falas a partir de vídeos consentidos pelos participantes, perfazendo 18 horas no total. Utilizou a amostragem teórica formada no decorrer do estudo, em bola de neve, resultando em 11 participantes de diferentes categorias e setores, dentro da equipe multiprofissional de saúde do hospital estadual, local de pesquisa. Os participantes foram selecionados, considerando o tempo de trabalho superior a 6 meses e apo concordarem com os termos da pesquisa. Este estudo possui consentimento do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí e do Hospital local de estudo, parecer n. 3.993.900. Resultados: cada entrevista resultou em um memorando individual, em seguida as falas foram transcritas e submetidas a codificações sucessivas do tipo aberta e axial, por vezes retroativas, resultando em hipóteses e diagramas individuais. Ao final realizou-se a codificação integradora dos dados, o que deu origem a apenas um diagrama autoexplicativo e a aos pressupostos básicos do modelo teórico. Emergiu então a categoria central e suas subjacências. O interacionismo simbólico foi o fio condutor da explicação das categorias e conceitos encontrados, facilitando a busca pela compreensão do fenômeno Síndrome do Edifício Doente. A pesquisa aconteceu em um momento de pandemia por Covid-19, sendo evidenciado exacerbação do adoecimento coletivo do trabalhador de saúde, contudo, os elementos norteadores do adoecimento estão há muito tempo presentes no contexto hospitalar sendo alvo de críticas reflexivas dos participantes deste estudo. Conclusão: O modelo teórico explicativo sobre a Síndrome do Edifício Doente adequa-se ao contexto de trabalhadores de saúde hospitalares brasileiros, considerando os elementos saúde e adoecimento a partir de conceitos apreendidos no ambiente de trabalho, bem como condicionantes de saúde prévios e relacionados ofício.