INTRODUÇÃO: A hanseníase ainda se configura como um relevante problema de saúde pública entre os países em desenvolvimento, inclusive o Brasil. Assistência integral com qualidade e diminuição do estigma e exclusão social à pessoa com hanseníase na Atenção Primária em Saúde é hoje uma estratégia para o enfrentamento da hanseníase. OBJETIVO: Analisar criticamente as dimensões de vulnerabilidade relacionadas à hanseníase entre contatos intradomiciliares, coabitantes sociais e coabitantes residentes de pessoas acometidas pela doença e sua interface com a detecção de casos novos. METODOLOGIA: Estudo epidemiológico, transversal, censitário, realizado com 341 contatos intradomiciliares, 109 coabitantes sociais e 66 coabitantes residentes. RESULTADOS: A maioria dos participantes (86,8%) residiam na zona urbana, sexo feminino (64,1%), idade entre 20 a 59 anos (48,2%), pardo/negro (78,6%), ensino fundamental (47,2%), solteiro/nunca foi casado (54,4%), estudante (33,1%), renda inferior a um salário mínimo. Dentre os 516 contatos/coabitantes avaliados 56 foram suspeitos de casos de hanseníase, confirmando-se 15 casos detectados (2,9%), sendo 2,8% entre os contatos intradomiciliares 3,0% entre os coabitantes residentes e 2,8% coabitantes sociais. Em relação à forma clínica dos casos detectados predominou a indeterminada (66,6%), com classificação operacional paucibacilar (80%) . O grau de incapacidade física grau I no diagnóstico estava presente na maioria dos casos detectados (53,3%) e grau 2 em 20%. No cruzamento dos componentes da vulnerabilidade individual com os casos detectados entre contatos intradomiciliares, observou-se associação estatisticamente significativa com autoavaliação da saúde (p=0,04), alterações dermatológicas, neurológicas e com espessamento de tronco nervoso (p=0,00), entre coabitantes residentes associou-se à ocupação (p=0,05), renda (p=0,04), alterações neurológicas (p=0,00) e espessamento de tronco nervoso (p=0,00) e entre coabitantes sociais foi estatisticamente significativo o uso de álcool (AUDIT) (p=0,02), alterações dermatológicas (p=0,03), alterações neurológicas (p=0,00) e espessamento de tronco nervoso (p=0,05). Na associação dos componentes da vulnerabilidade programática com os casos detectados entre os contatos intradomiciliares foi estatisticamente significante, os motivos que dificultaram a realização do exame dermatoneurológico (p=0,02). CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo evidenciam que os coabitantes residentes e os coabitantes sociais apresentam vulnerabilidades individual e social semelhantes aos contatos intradomiciliares, estes últimos também apresentam vulnerabilidade programática.