A segurança do paciente é um dos assuntos prioritários na área da saúde em âmbito mundial. Uma das estratégias para promover a segurança do paciente é a incorporação da cultura de segurança no ambiente de saúde, identificando os fatores que interferem para em seguida elaborar medidas mais seguras para cada contexto. Para tanto, o objetivo deste estudo foi analisar a cultura de segurança do paciente na perspectiva da equipe de enfermagem em centro cirúrgico (CC) através do instrumento Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC). Trata-se de um estudo quantitativo, com amostra censitária, totalizando 200 participantes. Os dados foram coletados em três CC, sendo o CC1(Municipal), CC2 (Federal) e o CC3(Estadual) de hospitais públicos de referência de Teresina, Piauí, Brasil, entre janeiro a agosto de 2016. A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí. Para análise dos dados realizou-se estatística descritiva e analítica. A amostra caracterizou-se majoritariamente feminina (90,0%), com idade variando de 24 a 71 anos, com média de 39,52± 11,3, segundo grau completo no CC1 e CC3 e ensino superior completo no CC2. A maioria era formada por técnicos de enfermagem e grande parte das categorias mantinham contato direto com o paciente (98,0%). No CC1 e o CC2 predominou os profissionais que trabalhavam de 1 a 5 anos e no CC3 os profissionais com cerca de 21 anos ou mais. Houve diferença estatística significativa entre as variáveis laborais e sociodemográficas faixa etária, grau de instrução e cargo/função com os diferentes tipos de CC. Observou-se ainda diferença estatística significativa entre as respostas positivas ao HSOPSC e as variáveis sociodemográficas. Quanto às dimensões notou-se que o CC1 não apresentou nenhuma área fortalecida da segurança do paciente e a mais deficitária foi “Abertura para comunicação” (32,2%). O CC2 apresentou a dimensão “Aprendizado organizacional-melhoria contínua” (80,6%) e “Frequência de eventos comunicados” (76,2%) como áreas fortalecidas da cultura e como dimensão com menor percentual “Resposta não punitiva ao erro” (32,6%). Já o CC3 apresentou “Aprendizado organizacional – melhoria contínua” como área fortalecida e como área crítica “Resposta não punitiva ao erro” (33,5%). No CC1 prevaleceu a nota de segurança “regular”, já o CC2 e o CC3 julgaram a segurança do paciente como “muito boa”. Em relação ao número de eventos adversos relatados, a maioria dos participantes dos três CC, (80%) não relatou nenhum evento adverso nos últimos 12 meses. Foi realizada a análise da confiabilidade do instrumento, obtendo valores satisfatórios em seis dimensões. Notou-se que a maioria referiu ter realizado algum curso sobre segurança do paciente. A medida mais citada para melhorar a segurança do paciente foi “Cumprimento das metas internacionais de SP/ protocolos”. Pode-se concluir que para o desenvolvimento de uma cultura de segurança nos CC é necessário que as dimensões que obtiveram áreas fortalecidas ou não problemáticas sejam aprimoradas, enquanto que as que se configuraram como áreas fragilizadas ou pontos críticos sejam revistas e melhoradas através de estratégias para promoção da segurança do paciente.