AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE PESSOAS ACOMETIDAS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Acidente Vascular Cerebral. Sobreviventes. Qualidade de vida. Enfermagem.
INTRODUÇÃO: a avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de pessoas sobreviventes de acidente vascular cerebral (AVC) pode fornecer um perfil global das condições funcionais, psicossociais e da percepção da vida, orientando o processo de reabilitação. OBJETIVO: avaliar a QVRS de pessoas acometidas por AVC. METODOLOGIA: trata-se de uma pesquisa descritiva de delineamento transversal realizada em Teresina-Piauí, em um centro de referência em reabilitação física e/ou motora de pessoas acometidas por AVC. A amostra do estudo foi constituída por 104 pessoas atendidas no centro mencionado. Para a coleta de dados foram utilizados três instrumentos: Mini Exame do Estado Mental (MEEM), para avaliação do estado cognitivo e seleção dos participantes do estudo; um formulário estruturado com informações sociodemográficas, sobre o apoio familiar, aspectos clínicos e os serviços que utiliza no centro; e o instrumento Stroke Specific Quality of Life Scale SS-QOL, específico para avaliação da QVRS de pacientes com AVC. Para a análise de dados, foi utilizado o programa SPSS (Statistical Package for the Social Science) versão 18.0, com os testes: T Student, ANOVA (com o teste Post Hoc usando a correção de Tukey), Pearson e Spearman. RESULTADOS: os principais resultados foram: média de 23,13 pontos no MEEM, com 26% da amostra com déficit cognitivo; idade média de 57,3 anos (DP = 17,15); predomínio do sexo masculino (51,9%); casados (48,1%); com 8 ou mais anos de escolaridade (55,8%); baixa renda; presença de um cuidador (70,1%), que era, mais frequentemente, o próprio cônjuge (35,2%); 69% com AVC isquêmico; tempo decorrido depois do último AVC de mais de 36 meses em 33,3% (média 33,35, desvio padrão - DP=35,23); houve presença expressiva de fatores de risco para o AVC; as sequelas mais frequentes foram: hemiparesia direita (41,6%), hemiparesia esquerda (39%) e dificuldade de fala (28,6%). Quanto à QVRS, obtiveram-se baixos escores, demonstrando domínios e QVRS comprometidos (escore total de QVRS teve média de 146,84, DP=36,31). O domínio mais afetado foi relações sociais e o menos afetado foi visão. Houve diferença estatisticamente significativa nas variáveis: escolaridade (F= 6,358; p=0,003), dislipidemia (t= - 2,190; p=0,032); hemiplegia esquerda (t= -2,057; p=0,043); dificuldade de fala (t= - 2,197; p=0,032) e tempo decorrido após o AVC (t= -2,798; p=0,007), após a comparação dos dados sociodemográficos e clínicos com o escore total de QVRS. DISCUSSÃO: pessoas com menor escolaridade, dislipidêmicas, hemiplégicas esquerdas, com dificuldade de fala e maior tempo de lesão por AVC apresentaram maior comprometimento da QVRS. A pesquisa evidenciou as consequências negativas da ocorrência da doença na qualidade de vida da pessoa acometida. CONCLUSÃO: estudos sobre a avaliação da QVRS de pessoas acometidas por AVC são importantes, porque a identificação dos aspectos da vida mais afetados pela doença, além dos fatores que interferem na sua QVRS, é essencial para a implantação de estratégias oportunas de intervenção.