Introdução:Os fundamentos do SUS direcionam o processo de educação superior por meio do desenvolvimento de competências e habilidades, flexibilização dos currículos conforme a realidade local e regional e da implementação de projetos pedagógicos criativos. Dentro desse contexto, a formação de enfermeiros para atuarem com foco nas demandas desse sistema de saúde representa um desafio, pois se espera que os discentes superem o domínio teórico-prático e se tornem agentes transformadores e inseridos na realidade. Assim, definiu-se como objeto de estudo o processo de formação do enfermeiro para o SUS. Objetivos:Analisar o processo de formação do enfermeiro para o Sistema Único de Saúde na perspectiva dos discentes. Metodologia:Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa. O cenário escolhido foi o Curso de Bacharelado em Enfermagem de uma instituição de ensino pública, contando com a participação de 28 discentes regularmente matriculados entre o quarto e nono semestre do referido curso. A coleta foi realizada nos meses de maio a agosto de 2016, seguindo a técnica de entrevista, por meio de um roteiro semiestruturado. Os dados foram processados com auxílio do softwareIRAMUTEQ por meio do método da Classificação Hierárquica Descendente. O programa produziu classes organizadas de palavras que foram analisadas com base nos conceitos de conscientização, compromisso, criticidade, diálogo, cultura, empoderamento e educação problematizadora de Paulo Freire. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPI sob o parecer nº 1.409.923e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados e Discussão:O corpusfoi dividido em 473 segmentos de texto analisáveis com aproveitamento de 72.66% do material processado. Os resultados se apresentaram em cinco classes, a saber: classe 4 –Conhecimento, competências e habilidades para atuar no SUS(84 segmentos de textos, que corresponde a 17,76% do corpus); classe 3 –Sistema integral centradonas ações preventivas e de promoção da saúde(105segmentos de textos, que corresponde a 22,2% do corpus); classe 5 –Desafios da organização curricular na formação discente para o SUS(98segmentos de textos, que corresponde a 20,72% do corpus); classe 1 –Contato com os campos de prática para aproximação com o SUS(75segmentos de textos, que corresponde a 15,86% do corpus); classe 2 –Professor como mediador do processo educativo crítico e reflexivo(111 segmentos de textos, que corresponde a 23,47% do corpus).Considerações finais: Os resultados apontam para um ensino de graduação ainda fragmentado com o professor como mediador do protagonismo do aluno no processo de sua formação para o SUS, além disso, as UCE’s evidenciam que os participantes consideram insuficientes as aulas práticas ofertadas pelo curso, pois não se sentem seguros para exercer o cuidado de enfermagem com autonomia. Faz-se necessária uma reformulação didático-pedagógica e uma interligação maior entre as disciplinas para que se possaamenizar essa lacuna no ensino sobre o SUSe no conhecimento superficial apresentado acerca das competências para atuar com foco nas demandas sociais.