Introdução: O alcoolismo e a depressão são graves problemas de saúde pública, visto a alta prevalência de ambos e os malefícios que provocam à pessoa, família e coletividade. Encontram-se entre os transtornos psiquiátricos mais comuns e, que quando associados apresentam maior gravidade e pior prognóstico. Em 2010, a Organização Mundial de Saúde divulgou a meta de reduzir o consumo nocivo de álcool em 10% até 2025, por meio da adoção de propostas para alterações em dez áreas de atuação política, dentre elas: Facilitar o acesso à triagem, intervenções breves e tratamento para os transtornos por consumo de substâncias como parte do sistema nacional de saúde, incluindo uma capacitação dos profissionais da saúde. Objetivo: analisar o consumo de álcool e sua relação com sintomas depressivos em adultos assistidos na Atenção primária à saúde. Método: Trata-se de um estudo analítico de delineamento transversal realizada em 11 Unidades Básicas de Saúde de Teresina, Piauí. A amostra foi composta por 389 participantes em idade adulta, 20 a 59 anos. Os dados foram coletados por meio de questionário sociodemográfico para identificar o perfil dos participantes, o Alcohol use desorders indetification teste como método de avaliação do consumo de álcool, Inventário de depressão de Beck para verificar a presença de sintomas depressivos e Escala de Desesperança de Beck. As análises descritivas e inferencial com o programa Statistical Package for Social Sciences versão 26.0. Resultados: O perfil apresenta maioria do sexo feminino, em idade adulta-jovem, com companheiro e filhos, cor parda, vivendo com até dois salários mínimos, sem emprego e com prática religiosa. Aproximadamente, 41% consumiram álcool nos últimos 12 meses, com 20,4% apresentando consumo que varia de risco até dependência e 28,6% consomem bebidas alcóolicas na forma “beber pesado episódico”. Os homens possuem 3,308 vezes mais chances de apresentar um consumo de bebidas alcóolicas de risco em relação às mulheres, a prática religiosa reduz em 5,73 vezes a chance de uma possível dependência em bebidas alcóolicas. Porém, sofrer discriminação aumenta em 5,34 vezes as chances de uma possível dependência e consumir outras substâncias aumenta em 3,19 vezes a chance de desenvolver um consumo de risco e em 9,37 vezes as chances de desenvolver uma dependência química. Encontrou-se associação significativa entre a forma de beber e os seguintes sintomas depressivos: sentir-se fracassado, perda do prazer; sentimento de culpa; sentir-se decepcionado consigo mesmo, sentimento de inferioridade, perda de interesse pelas pessoas, dificuldade na tomada de decisões, parecer pior que antes e insônia. Não foi encontrada correlação entre os escores das escalas utilizadas. Conclusão: A hipótese levantada nesta tese foi confirmada, visto que a presença dos sintomas depressivos leva ao desenvolvimento de padrões de consumo de álcool mais intensos. Com destaque para a presença de sintomas mínimos/leves que levam ao maior consumo. Diante desse desfecho, é primordial a implementação de ferramentas para rastreamento, detecção precoce do consumo de risco, bem como, identificar precocemente os sintomas depressivos mesmo que leves durante o atendimento aos usuários da APS. Sugere-se também, a obrigatoriedade do uso de instrumentos que possam identificar esses fatores, bem como um treinamento para os profissionais saberem com assistir e tratar esses pacientes.