Capacidade para o trabalho de cirurgiões-dentistas da estratégia saúde da família
Capacidade para o trabalho. Fadiga. Dentistas. Condições de trabalho. Saúde ocupacional.
INTRODUÇÃO: Dentre as atividades laborais, o exercício da odontologia enquadra-se como uma das categorias que mais expõe os profissionais a fatores de risco para desenvolvimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, fato que pode afetar negativamente a capacidade para o trabalho. OBJETIVO: Avaliar os fatores associados à capacidade para o trabalho em cirurgiões-dentistas. MATERIAL E MÉTODO: Trata-se de um estudo transversal desenvolvido com 167 cirurgiões-dentistas vinculados à Estratégia Saúde da Família (ESF), do município de Teresina (Piauí). A coleta de dados ocorreu no período de janeiro de 2014 a março de 2014. O levantamento de dados foi feito por meio da aplicação de questionários no local de trabalho dos CD com dados referentes a capacidade para o trabalho, dados sociodemográficas, caraterísticas relacionadas ao trabalho, aspectos de saúde auto relatados, estilo de vida e fadiga. Na análise univariada utilizou-se a estatística descritiva, na bivariada o teste Qui-quadrado de Pearson, e na multivariada a regressão de Poisson com efeito medido pela razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança de 95% através do software SPSS, versão 18.0. RESULTADOS: 56,9% eram do gênero feminino, com idade média de 40,3 anos (±10,7), 62,9% possuíam mais de um vínculo empregatício, 68,3% tinham tempo de trabalho menor que 10 anos, 58,1% trabalhavam em regime de tempo integral com carga de trabalho semanal média 39,3 horas (±11,8). A pratica de atividade física foi relatada por 70,1% dos CD, 97,6% não possuíam hábito tabagista, 70,1% possuíam estado nutricional eutrófico. 40,1% relataram estar satisfeito com o sono, 67,6% consideram seu próprio estado de saúde como bom. Os resultados apontaram que 73,0% dos CD relataram apresentar lesões em alguma parte do corpo e 68,4% doenças musculoesqueléticas. Capacidade inadequada para o trabalho foi observada em 46,7% e de 26,3% para altos níveis de percepção de fadiga. As variáveis independentes associadas a capacidade inadequada para o trabalho foram gênero (p=0,037), limpeza não adequada (p=0,042), ambiente úmido (p<0,001), às vezes úmido (p=0,002), ambiente de trabalho com muito barulho (p=0,044), tarefas às vezes repetitivas e monótonas (p=0,027), repetitivas e monótonas (p<0,001), não está insatisfeito nem satisfeito com seu sono (p=0,020), está muito insatisfeito ou insatisfeito com sono (p=0,002), considerar ser estado de saúde regular (p=0,001), relatar uma a quarto (p=0,005) ou cinco ou mais morbidades (p<0,001) e níveis altos de percepção de fadiga (p=0,005). CONCLUSÃO: Grande parte da população estudada apresentou capacidade inadequada para o trabalho e uma parcela significativa teve alto níveis de percepção de fadiga. A pesquisa demonstrou que fatores sociodemográficos, características do trabalho, aspectos de saúde e altos níveis fadiga contribuíram para perda da capacidade de trabalho.