“Saúde suplementar e SUS: fatores associados ao pré-natal e parto de adolescentes e jovens no Nordeste brasileiro”
Gravidez na adolescência. Parto. Pré-Natal. Saúde Suplementar. Sistema Único de Saúde. Qualidade da assistência à saúde
INTRODUÇÃO: Assistência pública com qualidade deficiente e difícil acesso, configura-se como um problema de saúde pública. Dificuldades de acesso aos serviços públicos para o pré-natal e parto de adolescentes e jovens leva parcela desse público a recorrer à saúde suplementar, em busca de assistência rápida e com melhor atendimento. OBJETIVO: Analisar as diferenças de fatores ligados à assistência ao pré-natal e ao parto de adolescentes e jovens usuárias da saúde suplementar e do SUS, no Nordeste brasileiro. METODOLOGIA: Estudo transversal, de base hospitalar, com puérperas com idade de 10 a 24 anos internadas em estabelecimentos de saúde do Nordeste-Brasil, onde foram realizados 500 ou mais partos registrados em 2007. A amostra foi probabilística de 3.014 entrevistadas, com ponderação dos dados para estimar a população estudada (337.451 puérperas). A coleta de dados ocorreu de fevereiro de 2011 a outubro de 2012. Para entrevista utilizou-se formulário eletrônico. Na análise univariada realizou-se estatística descritiva, na bivariada o teste qui-quadrado de Pearson, com efeito medido por meio da Odds Ratio (OR) e com intervalo de confiança de 95,0%. Para tanto, utilizou-se o software SPSS, versão 17.0. RESULTADOS: Apenas 9,1% das entrevistadas possuíam plano privado de saúde. Destas, a maioria tinha direito a consulta médica (91,6%), internação hospitalar (81,8%), assistência ao parto (71,9%), exames complementares (87,6%) e metade teve assistência ao pré-natal e parto totalmente coberta pela saúde suplementar. Houve significância estatística na associação entre utilização de saúde suplementar e faixa etária de 20 a 24 anos (p<0,001); cor da pele branca (p <0,001); trabalho remunerado (p <0,001); saber ler e escrever (p =0,048); maior escolaridade (p <0,001); maior econômica (p <0,001); menor número de gestações anteriores (p <0,001); primiparidade (p =0,011); ausência de partos normais anteriores (p =0,002); desejo de esperar mais para engravidar (p =0,024); realização do pré-natal (p =0,023); início precoce do pré-natal (p =0,002); número de consultas realizadas igual ou superior a seis (p =0,001); realização das consultas no serviço privado ou misto (p <0,001); realização de três ou mais ultrassonografias (p <0,001); ter informações sobre: início de trabalho de parto (p =0,034); sinais de risco da gestação (p =0,019); técnicas facilitadoras do nascimento (p =0,008) e sobre a maternidade de referência para o parto (p =0,001). Também houve associação com realização do parto no serviço de saúde indicado (p =0,023); desejo pela cesariana no início da gestação (p =0,005); decisão pela cesariana no final da gravidez (p <0,001); e responsabilidade pela decisão sobre o tipo de parto não ser do médico (p =0,022). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Evidenciaram-se grandes diferenças nos fatores relativos à assistência recebida, durante o pré-natal e parto, por adolescentes e jovens usuárias da saúde suplementar e do SUS, no Nordeste brasileiro, favoráveis às usuárias da saúde suplementar. Os gestores públicos devem investir em recursos humanos e materiais para o SUS e promover a qualificação multiprofissional das equipes de saúde, reduzindo as diferenças assistenciais existentes quando comparadas à saúde suplementar.