Introdução: A sífilis representa um grave problema de saúde pública mundial, sendo causada pelo Treponema pallidum, por relação sexual. A gestante infectada pode transmitir para o feto por via hematogênica, originando a sífilis congênita. Embora a Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde tenham realizado pactos para eliminar a sífilis congênita até 2015, houve um aumento considerável de casos nos últimos anos. Nesse contexto, o georreferenciamento é uma técnica que possibilita o dimensionamento longitudinal da ocorrência de uma doença em determinado espaço geográfico, facilitando a ação das equipes de Vigilância em Saúde. Objetivo: Assim, o presente estudo objetivou georrefenciar a sífilis em gestante e congênita no Nordeste, entre os anos de 2015 e 2018, caracterizando sua ocorrência a fatores sociodemográficos. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, de série temporal, analítico e descritivo. Foi realizado o georreferenciamento dos casos de sífilis gestacional e sífilis congênita no Nordeste, entre os anos de 2015 a 2018, registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação. Os dados foram coletados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo inseridos no Software QGIS 3.8 Zanzibar para distribuição espacial. Os resultados foram apresentados em tabelas, gráfico, mapas temáticos e foi utilizada a estatística descritiva para análise dos dados, de maneira que a taxa de detecção da sífilis em gestante e a taxa de incidência da sífilis congênita fossem evidenciadas. Resultados: Assim, foi registrado um total de 36.468 casos de sífilis em gestantes e 26.768 casos de sífilis congênita entre os anos de 2015 e 2018 para todo o Nordeste. Houve um grande aumento da taxa de detecção de sífilis em gestantes, da taxa de incidência de sífilis congênita e do coeficiente de mortalidade por sífilis congênita em menores de um ano de idade. O georreferenciamento dos casos apontou uma alta prevalência de sífilis em gestantes com faixa etária entre 20 e 30 anos, de baixa escolaridade, principalmente 5ª a 8ª série incompleta. Os estados mais populosos do Nordeste, como Bahia e Pernambuco registraram os maiores índices de pré-natal inadequado, de tratamento inadequado para a sífilis em gestantes e as maiores perdas nas quantidades de Equipes de Saúde da Família, segundo o georreferenciamento. Estados com os menores Índices de Desenvolvimento Humano e Produto Interno Bruto, apontaram alta incidência de sífilis congênita em crianças de mães que realizaram pré-natal tardio entre o 2º e 3º trimestres gestacionais e alta prevalência de adolescentes com sífilis gestacional. Ficou evidenciada uma forte influência do acompanhamento nos serviços de saúde, faixa etária jovem e baixa escolaridade sobre a incidência de sífilis em gestantes e congênitas, em todos os estados da Região Nordeste. Conclusão: Dessa forma, foi possível concluir com o georreferenciamento que há uma diferença entre os casos de sífilis em gestantes e de sífilis congênita em todos os estados nordestinos, colocando um alerta às equipes de Vigilância em Saúde, uma vez que o registro dos casos pode não refletir a realidade da ocorrência da doença. As variáveis sociodemográficas destacadas apresentaram forte influência sobre os casos. Além disso, em todos os estados, as ações de Saúde Coletiva precisam melhorar para a garantia do acesso à saúde.