A hanseníase ainda se denota como um problema de saúde pública a ser eliminado no mundo e no Brasil. Dentre as ações de controle, a vigilância dos contatos constitui uma medida essencial no enfrentamento da hanseníase e capaz de modificar parâmetros de endemicidade. OBJETIVO: Analisar a vulnerabilidade programática da vigilância dos contatos de hanseníase em um munícipio hiperendêmico. MÉTODO: Estudo transversal, quantitativo, realizado no município de Teresina/PI, no período de outubro a dezembro de 2018 com 511 registros de contatos de hanseníase e 10 gestores das unidades básicas de saúde do município. Os dados foram analisados com a utilização dos softwares Stata versão 13.0 (Stata Corp LP, College Station, TX, USA) e QGis versão 2.18. Realizaram-se análises descritivas por meio de distribuição de frequências e análise inferencial através do teste qui-quadrado de Pearson e do teste exato de Fisher. Adotou-se como critério de significância das variáveis a associação em nível de p˂0,05. A coleta de dados foi realizada mediante aprovação do CEP/UFPI com parecer nº 2.504.997. RESULTADOS: A maioria dos contatos registrados residem na zona norte (42,86%) do município, são contatos domiciliares (100%), do sexo masculino (49,51%), faixa etária acima de 15 anos (54,99%), filho (a) (35,62%) do caso referência e com predomínio da classificação operacional multibacilar do caso referência (83,56%). A proporção de contatos avaliados foi maior na zona norte (82,64%) do município, dentre os quais a maioria avaliada foi do sexo masculino (78,26%) e faixa etária acima dos 15 anos (75,44%). A avaliação dermatoneurológica teve associação com o sexo (p=0,000) e a faixa etária (p=0,005) do contato. Houve também associação da classificação operacional do caso referência com o contato ser avaliado (p=0,005) e encaminhado para a vacina BCG (p=0,007). Foram detectados 32 novos casos entre os contatos. A detecção de casos teve associação com a faixa (p=0,000) etária e o grau de parentesco com o caso referência. Com relação aos gestores entrevistados, grande parte reportou que na UBS há estratégia padronizada de busca ativa de casos e contatos de hanseníase faltosos (70%); protocolo para seguimento de contatos domiciliares (70%); kit de monofilamentos (100%), Kit para teste dermatoneurológico (90%) e medicamentos para tratamento da hanseníase, estados reacionais e complicações (100%). CONCLUSÃO: Os serviços de saúde do município de Teresina apresentaram fragilidades quanto as ações de vigilância dos contatos de hanseníase, no que diz respeito aos registros, a busca ativa para avalição diagnóstica, ao seguimento e acompanhamento de contatos domiciliares e principalmente, contatos sociais. Barreiras relacionadas ao planejamento e desenvolvimento de ações para controle da hanseníase precisam ser superadas, de modo que os serviços de saúde devam considerar diferenças regionais e de gênero para minimizar disparidades do acesso aos serviços ofertados.